Professor e fundador do projeto Zé Livrório, Cristóvão Silveira, fala sobre a necessidade de inovar e levar a leitura para as crianças sem elas precisarem sair de casa
Aprendizagem infantil e incentivo à leitura para a criançada são os pilares que estruturam o projeto Zé Livrório, cuja apresentação aconteceu no espaço da Fligêzinha, na manhã desta sexta-feira (12). O grupo é composto pela caracterização dos personagens do Zé Livrório, violonista, Chico Leitura, que acompanha no triângulo, e Cristóvão, no acordeon.
O projeto foi estruturado no contexto pandêmico durante um diálogo de Cristóvão com o coordenador de sua escola durante o isolamento social necessário devido à Covid-19. Foi visível para eles a necessidade de inovar e levar a leitura para as crianças sem elas precisarem sair de casa. Um combi literária foi a alternativa encontrada. O local foi reorganizado para comportar prateleiras cercadas de livros e um espaço alegre que possibilite a interação da criançada com o universo lúdico.
O grupo, a convite da produção da Fligê, trouxe uma amostra da apresentação itinerante que movimentou a garotada. Cercado de muitas palmas e sorrisos, o espetáculo musical reuniu cantigas autorais e canções performadas didaticamente.
Essa abordagem pedagógica é particularmente advinda da formação profissional dos seus fundadores. Cristóvão Cerqueira é professor, trabalha na sede do morro do chapéu e interpreta o personagem Zé Livrório. Para ele, poder apresentar-se é um passo para cumprir uma missão maior de estimular a preservação da arte literária. “Se a gente deixar uma criança lendo ou tocando teremos a sensação de que deu tudo certo”, conta. Ele destaca que um aspecto fundamental para o crescimento educacional é a união entre literatura e música. Além disso, acredita na transformação da sociedade através da educação. “Educar, educar e educar até o mais rude dos homens entende que ao invés de armas, violinos e pincéis”.
Roberto Francisco, artista criador do personagem Chico, é professor da Universidade de Tocantins, poeta de cordel e amigo de infância de Zé Livrório. Na pandemia, retornou ao morro para o cumprimento do distanciamento social, adentrando nesse período o projeto literário. Ele enxerga que a rítmica poética utilizada envolve as crianças e possibilita o aprendizado. “A gente usa a música, a mágica, o cordel, e a brincadeira, e tentamos apresentar uma alternativa para a criança ler um livro físico. Apresentamos o contraponto para o livro não ficar esquecido.”
As estudantes estudantes do Grupo Escolar Anatalino Pina Medrado Emanuelly Ribeiro e Emilly Antonia têm 11 anos e amam histórias de suspense e aventura. As duas costumam escrever histórias em quadrinhos e gostam de passar tempo se dedicando a atividades artísticas. Já Ana Belly, também estudante da escola, sonha em seguir carreira no universo literário. “Quero ser escritora e ver meu livro aqui na feira de Mucugê”.
Texto Yasmin Luene| Fotos Thiago Gama