Uma louvação aos Orixás: show de Mateus Aleluia encanta o público

Na noite de ontem o músico baiano entoou canções da panafricana na Praça dos Garimpeiros

Cantor e compositor nascido em Cachoeira-BA, Mateus Aleluia subiu ao palco principal da Fligê na noite de ontem (11). Com o show “Vento Forte: uma saudação a Oyá”, com toda a ancestralidade e rememoração da cultura afro, a voz e o violão entoaram canções quase que sagradas. A religiosidade africana foi evocada em cada verso com sua voz grave que afirma a ancestralidade dos povos de África.

O único integrante vivo do grupo musical “Os Tincoãs”, Mateus trouxe para o palco toda a sua vivência de quem morou 20 anos em Angola atuando em projetos culturais e educativos. A sua formação musical nasce das rodas de samba do Recôncavo e das músicas sagradas do Candomblé.

Mesclando tradições com arranjos vocais e violão marcado, o show do artista trouxe para Fligê momentos de louvação e distinção estética. Uma sonoridade singular com um repertório impecável. O público se encantou e estava conectado a cada canção, como em “Na Beira do Mar”, música gravada com “Os Tincoãs”.

Quando Mateus entoou os versos “na beira do mar chamarei yemanjá. Zumbi, ogum, vodum, erum, ilê oro”, uma mulher negra vestida como orixá adentrou ao palco e dançou com leveza e maestria. A dança se tornou movimento ancestral.

Para o público presente, Mateus representa uma herança cultural brasileira, quase uma entidade. E, de fato, em suas canções as variações rítmicas do violão e a voz melodiosa do artista pulsam forte nos ouvidos mais atentos.

O professor Marco Aurélio Souza, 48 anos, e presente no show, afirma que a música de Mateus ajuda a refletir sobre as nossas ancestralidades. Para a jornalista e nômade, Luísa Medeiros, 40 anos, o show do artista “é de arrepiar do início ao fim”, pois é “um tipo de expressão cultural que a gente não pode deixar morrer, porque ainda é muito restrito a um nicho, mas que todo mundo deveria ter a oportunidade ouvir uma voz e ver a mensagem que ele passa para a gente”, afirma Luísa.

 

A primeira noite de shows na Praça dos Garimpeiros foi marcada por um show pulsante e forte com um público quente e atento. As pessoas estavam extasiadas com a presença de Mateus. Havia brilho e empolgação nas palmas e nos olhares atentos para o palco. Para a professora, Lucília Santos, 55 anos, o show de Mateus foi maravilhoso, fascinante e encantador.

Na cidade de Mucugê, terra de tantos encantos, o show de Mateus Aleluia foi um encontro e um abraço fraterno via ondas sonoras. Um estado de poesia que, segundo o artista, fez ele se sentir em casa, como se ele estivesse no átimo da casa de cada um que ali estava. A louvação e o encantamento se uniram numa só voz na noite de ontem.

Texto Larissa Caldeira | Fotos Thiago Gama


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