A Companhia Teatro Griô se apresentou pela primeira vez na Fligê e trouxe três apresentações e um lançamento de livro
Com mais de 23 anos de estrada, o Teatro Griô traz nos seus espetáculos toda a ancestralidade do povo africano com canções e cantigas populares que remetem aos orixás. A contação de estórias do nascimento do mundo e das coisas da natureza está sob uma perspectiva afro centrada. A companhia, que se apresentou pela primeira vez na Fligê, trouxe para a feira o lançamento do livro “As Aventuras do cágado Ajapá”, de Rafael Morais e ilustração de Tânia Soares, na Fligêzinha, no dia 12 de agosto.
Para Rafael Morais, diretor do Teatro Griô, a experiência de participar da Fligêzinha com um público infanto-juvenil foi muito importante. “A gente na Companhia Teatro Griô conta histórias para todas as idades. As crianças se conectam imediatamente”, afirma o autor.
O seu livro “As Aventuras do cágado Ajapá” traz seis histórias inspiradas em narrativas de tradição oral e que tratam da ancestralidade afro-brasileira e indígena. “Ajapá é o nome para cágado em iorubá”, diz Rafael, o que já remete a algo ancestral. Além das cantigas com histórias para crianças, o livro foi inspirado nesse personagem que é muito astuto. “É um personagem que consegue, a partir da sua inteligência, do humor, do carinho que ele tem pelos outros, sobreviver, apesar da tirania dos poderosos”, relata Morais.
Além do lançamento do livro, a companhia trouxe para a Fligêzinha uma “Sessão de histórias e cantigas”, na tarde do dia 13 de agosto (sábado), com estórias de bichos e muita música. E na sexta-feira (12), às 17:30h, apresentou o sarau “Minha Aldeia”, no Centro Cultural. Um espetáculo inspirado em narrativas e cantigas de aldeias de diversos povos, mas, principalmente, da cultura afro-brasileira. Trazendo canções e cantigas de tradição oral que não são muito difundidas, além de mitos e histórias de heróis, de deuses, de animais astutos e de gente simples que vive nas aldeias.
Para finalizar a sua participação na Fligê, o Teatro Griô apresentou o “Sarau À Flor da palavra”, no domingo (14), às 17h. Um espetáculo para adultos que encantou o público na Casa ConVerso com muita música e estórias afro centradas.
“Nesse sarau a gente conta mitos e histórias que tem a ver como nossa existência humana, os conflitos humanos. E histórias que tem a ver com intolerância, coragem, justiça e transformação íntima”, diz Rafael Morais. Para ele é muito bacana a possiblidade de trazer para a Fligê esses espetáculos diversos, que atingem públicos bem diferentes e que conseguem tocar na alma através da palavra cantada e declamada.
Texto Larissa Caldeira. Fotos Thiago Gama.