Na noite do dia 10, os estudantes e membros da comunidade de Mucugê abrilhantaram a Fligê com canções e poesias no Sarau Diamantina
Na quarta-feira (10), o nosso primeiro dia de Fligê – Feira Literária de Mucugê, na cidade de Mucugê – Bahia, começou com muitas apresentações de capoeira, quadrilhas, ternos de reis, apresentações dos estudantes das escolas municipais, desfile literário e saraus. Foi um dia de abertura com muita beleza e intensidade pelas ruas da cidade.
Dentre os saraus que se apresentarão na feira, o Sarau Diamantina abriu a noite de quarta-feira com canções e poesias que rememoram nossas Ancestralidades. A obra de Dorival Caymmi foi rememorada. Cantor e compositor baiano que sempre trouxe os hábitos, costumes e tradições do povo da Bahia para suas canções, e que abordam temas como o mar e a religiosidade afro-baiana.
Além de Caymmi, o autor de obras como “Gabriela, Cravo e Canela” e “Tenda dos Milagres”, Jorge Amado também foi lembrando pelo Sarau Diamantina, com trechos de suas obras declamados entre uma canção e outra.
Mas não é só de samba que se vive um bom baiano, por isso a axé music também fez parte deste momento de música e poesia. Canções como “O Canto da Cidade” e “Baianidade Nagô” foram executadas pelos componentes do Sarau. E a dança foi colocada como um elemento importante para a ancestralidade: uma dançarina nos presentou com uma performance de “O Canto da Cidade”.
A música afro-baiana representa as memórias e ancestralidades do nosso povo. Os atabaques e tambores pulsam forte no coração da Bahia. A cultura negra é ancestral e precisa ser relembrada nesses espaços de cultura e, por isso, a importância do Sarau Diamantina para a comunidade de Mucugê e região.
Composto por jovens e adultos da comunidade de Mucugê, o sarau faz parte do projeto pedagógico da Fligê, coordenado por Marcos George Paraguassu. O projeto faz parte da Fligê +, um dia a mais na Fligê 2022, que tem o intuito de envolver os moradores de Mucugê na Feira Literária. Este ano, os alunos das escolas municipais e membros da comunidade de Mucugê participaram de uma série de atividades pedagógicas relacionadas ao tema da Fligê: “Literatura e Ancestralidades”.
Para Marcos Paraguassu, “a Fligê + traz o público de Mucugê mais para perto da feira, porque é um momento da cultura local mostrar aquilo que foi aprendido nos trabalhos realizados de acordo com o tema. O que é interessante porque faz com que os jovens dialoguem com seus avós, com seus pais, com seus vizinhos, com as pessoas mais experientes”.
Para a realização do Sarau Diamantina, ocorreu uma série de ensaios e muita preparação, o que exigiu muita dedicação, o que ficou evidente durante a belíssima apresentação dos participantes. De acordo com o coordenador pedagógico, o Sarau envolveu cerca de 20 pessoas, dentre estudantes e pessoas da comunidade que se interessaram em participar.
Para o público, o Sarau Diamantina trouxe músicas importantes do cancioneiro popular brasileiro como “Tiro ao Álvaro” e outros clássicos do samba. O ritmo mais brasileiro de todos, e que traz na sua raiz a africanidade. A estudante de 22 anos, Ana Carolina, participa todos os anos da Fligê. “O Sarau trouxe “músicas do dia a dia do brasileiro, além dos gestos e vestuários estarem super dentro da temática do samba”, conta Ana. Já o cearense Arnaldo Alexandro, 44 anos, caldeireiro industrial, está em sua primeira vez na Fligê. Para ele, o Sarau foi maravilhoso porque trouxe canções da velha guarda.
O Sarau Diamantina abriu a noite no palco da Praça dos Garimpeiros com muita maestria e envolvimento da comunidade. Jovens e adultos tocaram, cantaram e dançaram em momentos de muita beleza e alegria.
Texto: Larissa Caldeira | Fotos: Thiago Gama