A conversa buscou esclarecer a história da prática religiosa Jarê
A mesa literária “Jarê e ressonâncias na literatura” iniciou o último dia de programação da Fligê neste domingo (14). A conversa, que teve a mediação da produtora cultural Paula Pfluger Zanardi, buscou esclarecer a história da prática religiosa Jarê. O evento contou com a presença do Babalorixá Manoel Xangô, do presidente da Associação dos Filhos de Santo do Palácio de Ogum, Sandoval Amorim, e Lucas de Xangô, de Lençóis.
Durante o evento, os convidados explicaram que o diferencial do Jarê é a forma musical com batidas diferentes e a construção autônoma dos atabaques imitam a produção dos indígenas. “O candomblé vem para cultuar o Orixá e nós dentro do Jarê somos mais voltados a cultuar a ancestralidade indígena”, explicou Manoel Xangô.
Lucas de Xangô esclareceu que dentro do Jarê tudo é cantado. “Jarê é poesia, é dança, Jarê é ancestralidade”, pontuou. Já Sandoval Amorim destacou a importância de abordar o Jarê na Feira literária, que trouxe o tema Ancestralidade em sua quinta edição. “É a primeira vez que falamos desse tema na Fligê. É um momento muito importante para nós poder falar mais o que é o Jarê”, afirmou Sandoval.
Os convidados destacaram a intolerância religiosa que, muitas vezes, recebem por parte daqueles que não conhecem a religião e pontuaram como é necessário a criação de políticas sociais que garantam segurança para liberdade de culto.
Para a bibliotecária Daniele Brito, que estava assistindo à mesa, trazer a discussão da prática religiosa do Jarê é significativo para a valorização da cultura local. “Tive a oportunidade de conhecer a prática em Lençóis e achei muito rica de elementos culturais que eu ainda não conhecia”, explicou Daniele. A bibliotecária ainda destacou a importância da mesa para desmistificar questões de preconceito com relação às religiões de matriz africana.
O Espetáculo do Jarê aconteceu após a mesa literária, na Praça dos Garimpeiros.
Texto Rebeca Spínola. Fotos Vinícius Brito.