A conversa enfatizou a necessidade de entender o ser indígena
A terceira mesa da Fligê 2022 aconteceu no Centro Cultural, nesta última sexta-feira (12), e abordou o tema Narrativas indígenas: saberes (sobre) vivências. O evento contou com a mediação de Jesuína Tupinambá e a participação da escritora, pedagoga e advogada Denizia Kawany Fulkaxó, da aldeia Serra do Padeiro, localizada na Terra Indígena Tupinambá de Olivença; a ativista de causas políticas e espirituais dos Tupinambás, Glicélia Tupinambá e o graduando em filosofia e mestrando em estudos africanos, povos indígenas e culturas negras, hoje pesquisador e escritor, Nankupé Tupinambá Fulkaxó.
Essa cultura traz uma imensa possibilidade de práticas que só podem ser acessadas dentro da vida coletiva das comunidades. Contudo, a fim de energizar positivamente o local, Denizia comandou um ritual de saudação aos encantados para pedir permissão para os indígenas poderem compartilhar seus ensinamentos e atenuou a necessidade do ser humano atingir três pontos para alcançar a ancestralidade: a espiritualidade, o coração e a sua expansão.
Para ela, é de extrema relevância o espaço concedido pela grade de programação da Fligê. “É importante que outras pessoas não falem por nós, mas que dêem espaço para falarmos”, afirmou. Quanto ao contexto pandêmico e o cotidiano dos indígenas, ela pontuou que a comunidade já está acostumada a viver confinada. E foi nesse período que ela escreveu contos. Porém, garantiu que os índios prezam por serem seres livres. “Nós gostamos de liberdade”.
Em sequência, a mediadora transmitiu a oportunidade de trocar experiências com a plateia. No momento, Nankupé introduziu um pouco de sua história e garantiu estar contente por ter escolhido contar a história do seu povo através da literatura. Destacou, ainda, viver com o preconceito enfrentado não somente por pertencer a um povo originário mas, por ser acadêmico e estudioso.
Na terceira parte da conversa, o espaço foi cedido à Glicéria Tupinambá. Sua fala iniciou com um relato de seus tempos de juventude. Gostava de aprender histórias durante as rodas de conversas da comunidade Tupinambá. “Eu gosto de ouvir a alma do fogo”, disse. Também reiterou que o interesse em estudar a cosmologia Tupinambá é relevante para entender suas ancestralidades.
O evento foi concluído com um convite para público se dirigir até o Espaço Retomada da Fligê 2022, entoando uma canção em homenagem ao Manto Sagrado Tupinambá exposto no local.
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