A força dos jarês se fez presente no último dia da Fligê

Algo muito comum quando recordamos as histórias de um lugar ou de sua gente são contar quais as comidas ou bebidas típicas, danças e cantigas populares, geografia ou clima e muitas outras coisas que os marcam e identificam. A região da Chapada Diamantina é reconhecida por suas paisagens naturais belíssimas, pela história do ciclo do diamante na Bahia, o turismo sustentável e muito mais.

O que muitas pessoas não sabem é que a região também é responsável por manter um culto religioso único que se faz presente, exclusivamente, naquele lugar: o jarê. Também identificado como o “candomblé de caboclos”, a prática religiosa foi levada ao território baiano por africanos nagô e mistura uma forte influência de povos indígenas.

Para manter viva essa tradição que existe desde a época do garimpo, a Feira Literária de Mucugê levou para o público visitante o espetáculo “Jarê Encantado”. Atores e músicos da região contaram e cantaram a história da religião, encenando causos com cantigas, que mostram a presença do sincretismo religioso tão característico na Bahia.

“Eu convivo com pessoas do jarê há seis anos e a gente vinha percebendo uma diminuição de terreiros, devido a pouca divulgação da cultura. Então, através do livro ‘Torto Arado”, que começou a difundir o jarê, inclusive, sendo lançado aqui na Fligê em 2019, a gente resolveu fazer esse trabalho. Montamos um roteiro através de estudos e por meio de uma história fictícia, juntamos a peça teatral com as cantigas do jarê”, esclarece Fred Matt, diretor geral do espetáculo.

Ao lado do ator Ricardo Boa Sorte, na apresentação cênica, a atriz Gal Pereira disse estar honrada e agradecida à Fligê e a cidade de Mucugê. “Dar essa oportunidade da gente falar um pouco sobre a nossa cultura, sobre o jarê que é pouquíssimo conhecido, e estar aqui hoje apresentando com minha família é muito emocionante. Agradeço aos orixás e encantados ”.

O repertório do espetáculo apresenta cantigas tradicionais do Jarê e canções autorais do instrumentista, cantor e compositor Tiago Manga.

“Santa Bárbara mora no céu

Janaína mora no mar

A coroa de Santa Bárbara

Clareia o mundo real

Ai, ai meu Deus.

Mas a dona do mar sou eu

Ai, ai meu Deus.

Mas a dona do mar sou eu”

(Janaína)

 

O jarê é da Chapada Diamantina!

 

Texto Joana Rocha. Fotos Thiago Gama.

 


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