Casa Roxa: autorias, expografia e conversas democráticas

Nesta sexta-feira (12), a Casa Roxa estreia com uma programação sobre memórias e ancestralidades

Na manhã desta sexta (12), a Casa Roxa trouxe uma conversa sobre lutas sociais e políticas. Os marcos históricos dos movimentos estudantis e partidários foram abordados. Nas “Conversas Autorais”, mediada por Rosana Lopes, as memóriasdos esquecidos foram relembradas, bem como as vozes das suas lutas. O bate-papo entre os escritores Adroaldo Quintela, Clóvis Caribé e Leonardo Santos trouxe discussões importantes acerca das lutas, memórias, militâncias e sobre a importância da democracia.

Para Leonardo Santos, escritor e historiador da Vila do Orobó, zona rural da cidade de Ruy Barbosa, Chapada Diamantina, uma feira literária como a Fligê faz o público se sentir conectado com a atmosfera da literatura e da cultura. O tema deste ano, que traz as Ancestralidades como ênfase, é visto por ele como algo importante, pois a memória e as ancestralidades são entendidas como identidade cultural e trajetória histórica do nosso povo.

Sua obra sobre a Vila do Orobó retrata as vivências e memórias poéticas para resgatar, através da leitura e literatura da nossa ancestralidade como um traço comum da formação identitária do povo da Chapada Diamantina, a cultura dos tropeiros enquanto um locus de formação urbana da região.

Essa reafirmação de valores através das memórias e ancestralidades aparece também nos cordéis. A literatura de cordel foi também tema da Casa Roxa, durante a tarde, com o cordelista José Walter. O cordel como gênero literário popular expressa relatos orais em rimas e versos. E possui também um aspecto sociopolítico e econômico para as populações do Nordeste. Através deles, muitos relatos e lutas são retratados e muitas estórias são contas como forma de manter viva a memória ancestral dos antepassados.

A ancestralidade indígena também foi tema da tarde de sexta-feira com o bate-papo “Autoria Indígena”, com o escritor e cacique Juvenal Payayá, e mediação de Renata Ferreira. A literatura indígena é parte primordial das vozes ancestrais, as estórias são passadas de geração a geração. A natureza e os costumes permeiam a vida e os escritos indígenas. Por isso, a importância da presença do cacique Juvenal Payayá na Fligê. Nascido em uma aldeia da Chapada Diamantina, suas produções tematizam os processos de lutas pela terra e problematiza o lugar destinado aos autores indígenas.

Além dessa extensa programação, na Casa Roxa está instalada a expografia “Sertão colorido quanto preto e branco”, de Silvio Jessé, a partir de fotografias de Evandro Teixeira. As memórias do Sertão e do sertanejo são evocadas em cada pintura. Os traços, as cores e as tintas fazem florescer um Sertão pulsante e forte. Um povo surgido da miscigenação entre o branco colonizador com os indígenas e negros escravizados. É considerado o povo mais antigo do interior do Brasil, por isso mesmo, uma população ancestral.

Texto Larissa Caldeira. Fotos Thiago Gama.


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