A conversa destacou pontos importantes da ancestralidade e do seu papel no movimento de transformação social
A mesa literária “Filosofias ancestrais: autorias negras e indígenas” deu início ao quarto dia de programação da Fligê neste sábado (13). Os palestrantes convidados destacaram pontos importantes a respeito do tema ancestralidade e do seu papel fundamental no movimento de transformação social.
Para compor a mesa de discussões, foram convidados o Doutor em literatura Marcos Aurélio dos Santos Souza, a Filósofa Adilbênia Freire Machado e o Doutor em literatura Ricardo Oliveira de Freitas. A mesa teve a mediação do professor Joceval Bittencourt e contou com o ator Jackson Costa como cerimonialista.
Durante a conversa, Adilbênia Freire, que pesquisa há mais de dez anos sobre filosofias ancestrais, destacou a ancestralidade como uma grande mediadora da relação dos indivíduos com o mundo. Além disso, a filósofa trouxe ideias das escritoras Conceição Evaristo e Paulina Chiziane. “A Ancestralidade é pensar a potencialização da vida, ela não é só nosso pai, a nossa mãe ou a nossa avó, mas sim toda comunidade na qual fazemos parte”, explicou a filósofa.
O professor Marcos Aurélio trouxe para discussão a mestiçagem como um processo cultural e de construção ideológica, com base nas obras do escritor baiano Jorge Amado. “Jorge Amado é um sujeito que estava envolvido numa esfera cultural muito intensa de afrodescendência e ele traz muito disso em seus personagens”, esclareceu Marcos. O doutor em literatura destacou em sua fala as obras Jubiabá (1935) e Tenda dos Milagres(1969), romances que Jorge Amado enfatiza questões raciais.
Já para Ricardo Oliveira, a mesa literária trouxe um tema importante, visto que este é um momento em que se fala muito sobre memórias ancestrais, porém, muitas vezes não há compreensão efetiva da temática. “Acho muito importante que as mesas situem o que é a ancestralidade para dentro dessas muitas possibilidades de se pensar a sua importância para a existência do homem contemporâneo”, explicou Ricardo. O doutor em literatura também destacou como é significativo ver o apoio que a cidade de Mucugê dá para Feira Literária.
A professora Neildes Pinho, que estava assistindo a mesa literária, ressaltou a importância do tema da conversa que permeia a história do povo brasileiro. “Participar dessa mesa e ouvir todas essas falas é interessantíssimo pois traz uma reflexão, não apenas de experimentar isso nas leituras e nas literaturas, mas também nas nossas vivências”, explicou Neildes.
Após a mesa literária, a programação continuou com a “Leitura Viva”, que contou com a presença de Marcos Duarte, Coletivo Ser de Arte e Ednaldo Muniz.
Texto: Rebeca Spínola | Fotos: Vinícius Brito.