Rota da Palavra V: Memórias e Trilhas das Letras Diamantinas

No dia 27 de julho, às 19h, aconteceu o Rota da Palavra V, no Centro Cultural, com o escritor e professor Delmar Araújo, com mediação de Elton Becker

O professor e escritor Delmar Araújo, natural de Lençóis, Chapada Diamantina, Bahia, Mestre em Ciências Ambientais (UEFS), graduado em Pedagogia (UNEB), pós-graduado em Antropologia do Turismo e Patrimônio Cultural (UEFS), pós-graduado em Língua Portuguesa (UEFS). Participou da Rota da Palavra V, “Memórias e Trilhas das Letras Diamantinas”, no dia 27 de julho, às 19h, no Centro Cultural, com mediação de Elton Becker.

A conversa abordou as memórias, literatura, histórias e trilhas da Chapada Diamantina. Autores como Ângela Vilma, Rebeca Serra, Itamar Aguiar, Antônio Fontenelle, Claudionor Oliveira, Pablo Casella e outros, foram citados por Delmar Araújo como nomes importantes para a literatura das letras diamantinas. Além disso, Walfrido Morais, Herberto Sales e Eurico Antunes Costa são considerados figuras relevantes no contexto da Chapada.

Delmar Araújo trouxe os processos sócio-históricos da região a partir de uma reflexão sobre os processos de escravização dos povos originários e dos povos africanos que foram trazidos para a Chapada. A primeira atividade econômica da Chapada Diamantina, especificamente, Lençóis e Mucugê, foi a agropecuária no século XVII com Antônio Guedes de Brito, instalando a chamada Sesmaria em fazendas de gado. No século XVIII, começa de forma clandestina a exploração do ouro e a mineração do metal no sertão do rio de Contas. No século XIX, iniciou-se o ciclo do diamante por toda a Chapada. Essas riquezas naturais não favoreciam os povos indígenas e negros, elas ficavam com os povos europeus e garantiam a riqueza para a Europa.

Mais recentemente, entre os anos 1980 e 1990, com a criação do Parque Nacional da Chapada Diamantina, começa a haver por parte do Estado brasileiro uma preocupação socioambiental e de proteção da fauna e flora da região. Além disso, o investimento no turismo e tombamento de cidades importantes da Chapada Diamantina. O questionamento de Delmar gira em torno das relações entre o turismo, a cultura e o ambiente, e o uso da lei ambiental como forma de desenvolvimento econômico e de tirar as pessoas dos lugares onde elas vivem.

As palavras dos autores da Chapada representam conceitos políticos, culturais e também representam as ideias de existir e resistir. A partir da literatura das letras diamantinas é que se mantém viva a cultura e memórias deste lugar e dos seus povos cariris, aimorés, tupinambás, maracás, payayás, sapuiás, pretos, pardos e caboclos. Para Delmar, “as palavras representam valores e estabelece relações interpessoais que nos ajudam a construir os sentidos do lugar”, diz. A Chapada Diamantina é um lugar de memórias e trilhas que se interconectam a oralidade dos seus povos.

Repórter: Larissa Caldeira

Fotógrafo: Igor Chaves


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