Representavidade social e identitária quer abrir espaços na literatura

Mesa literária “Entre letras: ofícios de escrita e representatividade” aborda outros caminhos da escrita 
A despeito da existência de milhares de histórias e culturas contadas e publicadas ao longo da existência humana, há que se explorar e apresentar ao leitor muitos mundos e olhares diferentes, divergentes dos modelos consagrados. E isto está se despontando, desbravando novos caminhos, protagonizados pelo preto e a preta, o pobre da periferia, o gay, a lésbica e outras pessoas que não se sentem representados na literatura, nem se viam produzindo escrita literária. Esse movimento foi abordado na mesa da programação da Fligê 2024  “Ofícios da escrita e a representavidade”,  no sábado (27), às 18h, no Centro de Cultura.
O tema foi desenvolvido pelos escritores Deko Lipe e Valesca Lins,  com a mediação de Lorena Ribeiro, também escritora. Eles falaram dos desafios que decidiram enfrentar, primeiro porque não se viam  produzindo dentro de um  modelo que os ocultava, ou os mostrava numa versão que não se sentiam identificados e também não tinham referências de escritores e escritoras iguais.
Eles avaliaram que nos últimos 20 anos houve alguns avanços nas representações  em novelas,  no teatro e na literatura, mas ainda muito pouco e para agradar o capital.
“A gente não quer que as pessoas deixem de gostar do que foi produzido, mas a gente está no século 21, a gente está aqui para alargar o cânone”, defendeu Valesca Lins.
Valesca Lins é carioca, escritora, dramaturga, pedagoga da rede pública e psicanalista. Também tem participações em antologias, além de publicações de artigos acadêmicos. Em 2022, venceu o Prêmio Literário Maria Firma com o livro “Minhas Conversas Florescidas no Khat”. Agora em 2024 está lançando “Rio, O Ori”, seu segundo livro de contos.
Deko Lipe  também vê um avanço  na literatura de representividade: “A gente percebe que há uma busca crescente por uma literatura diversa. Os jovens procuram cada vez mais o que fuja da “normalidade” e começa a perceber  que existe uma naturalização de outros universos que também estão pautados agora na literatura “.
Soteropolitano, ator, escritor e criador de conteúdo no Primeira Orelha, Deko Lipe  tem um projeto que foca na difusão de informações sobre literatura infantil, infantojuvenil e com representatividade LGBTQIAP+. É autor do livro infantojuvenil “Meus pais e eu” (2019) e do infantil ilustrado “O brincoder de Pepe”(2022), além de participações em antologias de contos.
Texto: Joana D’Arck
Fotos: Lua Ife

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