Mesa discute a literatura, a música e a linguagem

A  música e a linguagem são as características que mais definem o ser humano.  Entrelaçadas, são capazes de ampliar e potencializar o aprendizado e a memória de forma significativa, especialmente entre as crianças. Muito do que essa transversalidade pode produzir foi abordado pela fonoaudióloga e neurolinguística Carla Ghirello-Pires e o psiquiatra Eduardo Ledo, na Mesa com o tema “Literatura, Linguagem e Música”, com mediação de André Efgen.
A integração da linguagem com a música é fundamental ao ser humano desde a sua fase de bebê, quando o entendimento com a mãe se dá através da melodia da voz dela, e não pelas suas palavras emitidas, que a criança ainda não compreende. “Neste momento, a melodia é a mensagem”, explicou Carla Ghirello-Pires, falando sobre esse aprendizado inicial. Ela exibiu vídeos sobre a evolução das crianças com síndrome de down a partir das suas experiências com os sons, as melodias, os ritmos, a música.
Docente do programa de Pós-Graduação em Linguística (PPGLin)da Universidade Estadual do Sudoeste (UESB) e do Departamento de Estudos Linguísticos e Literários (DELL), a palestrante falou do trabalho que desenvolve há oito anos em municípios do Sudoeste, através do Laboratório de Estudos e Pesquisas em Neurolinguística (Lapen), atualmente trabalhando com 30 crianças com síndrome de down.
O psiquiatra Eduardo Ledo citou centros de estudos de neurobiologia da música do Canadá e da França que observaram crianças com  e sem formação musical desde o ensino maternal e ao longo de cinco anos. Eles avaliaram o desempenho delas no aprendizado da língua francesa, matemática e memória. Conclusão: as crianças com formação musical tiveram desempenho em francês superior em 20% ; em matemática superior em 25%;  e em memória, 65%.
“Muitas vezes, na educação, se considera a música como uma perfumaria,  uma diversão. Mas o fato é que a música desenvolve não só a capacidade de apreciação da música, mas a capacidade de interpretação da realidade, como também de empatia e de pertencimento”, defende Eduardo Ledo. A música também sincroniza os cérebros das pessoas numa só frequência, a exemplo do que ocorre nos shows e apresentações.
Respondendo a um dos participantes que quis saber sobre o uso terapêutico da música para tratamento de doenças e transtornos, o psiquiatra falou de casos em que esta alternativa melhora a cognição de pessoas com transtorno de Alzheimer e ajuda a melhorar os movimentos das pessoas com doença de Parkinson.
A professora da UESB, Fah Baía, que comporia a Mesa, não pôde comparecer por motivo de saúde.
???????? A Fligê – Literatura e Música, realizada entre os dias 16 a 20 de agosto em Mucugê, na Chapada Diamantina, Bahia, é patrocinada pelo Governo do Estado da Bahia, por meio de emendas parlamentares vinculadas, com parcerias institucionais, de coletivos culturais da região e com apoio do poder público local.
Texto: Joana D’Arck
Fotos: Gabriela Nascimento

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