Mesa da Academia de Letras da Bahia apresenta literatura diamantina

Autores comentam vida, obra e influências de Afrânio Peixoto, Herberto Sales e Ângela Vilma

Ao receber o desafio de falar sobre autores diamantinos na mesa “Produção literária das lavras diamantinas”, os membros da Academia de Letras da Bahia, Aleilton Fonseca, Heloísa Prazeres e Décio Cruz, embarcaram em uma verdadeira viagem pelo tempo e pela literatura da Chapada Diamantina. Quem assistiu à atividade da Fligê, que aconteceu na da sexta-feira (26), pôde fazer parte desse roteiro.

 

Do século 19, Aleilton Fonseca buscou as referências de Afrânio Peixoto para destacar a importância da produção literária da Chapada Diamantina. “A nossa literatura nos representa, portanto, ela é a nossa fonte principal para a reflexão e para o prazer da leitura”, disse o escritor baiano. O autor, médico, político e historiador Afrânio Peixoto, natural de Lençóis, ocupou a cadeira sete da Academia Brasileira de Letras e, segundo Aleilton Fonseca, foi precursor de características e temáticas essenciais para a literatura não só baiana como de todo país.

 

“Descentralizar a literatura é levar para todos os territórios a possibilidade de se autoconhecer, seus autores, se ver nas paisagens, nas narrativas, e pensar: nós também temos literatura e a nossa literatura não é menor”, defendeu Aleilton Fonseca. Foi justamente por essa perspectiva que a estudante de Letras da Universidade do Estado da Bahia (Uneb) em Itaberaba, Gabriela Neri, foi atraída para a sua primeira visita à Fligê. “Eu escolhi assistir essa Mesa principalmente por causa de Aleilton Fonseca. Semanas atrás, eu li um conto dele, ‘A Última Partida’ e fiquei apaixonada”, contou.

 

Para ela, a Fligê significa expandir seus horizontes para além da própria leitura e da sala de aula. “A gente está em contato com outras pessoas, com os autores, então essa experiência é realmente única”, comentou a estudante. Trazer para perto um pouco do escritor e jornalista Herberto Salles, natural de Andaraí, foi uma das missões cumpridas da autora Heloísa Prazeres. Também em sua primeira participação na Feira Literária de Mucugê, ela comentou sobre suas boas impressões do evento e falou sobre o escritor que faz parte das suas pesquisas há mais de 20 anos. “É sempre uma grande responsabilidade ser intérprete, especialmente do mundo mais íntimo de alguém.  Ele esteve em um projeto de pós-graduação que eu fiz fora do Brasil e me senti, assim, na necessidade de trazer os nossos”, ressaltou a autora baiana.

 

Herberto Salles é natural de Andaraí, cidade diamantina que também é berço de Ângela Vilma, poeta e professora que foi apresentada pelo autor Décio Cruz. Ele destacou as conexões possibilitadas por atividades como essa: “um encontro não só da literatura, mas um encontro de pares, amantes de arte, de cultura. Então, isso se transforma num ambiente muito bonito e festivo e também nos traz muita paz”.

 

Para uma conterrânea, dessa vez de Afrânio Peixoto, que assistiu a Mesa, falar sobre autores tão próximos deve ser a regra e não a exceção. “A gente tem que se permitir estar íntimo desses escritos que são tão importantes”, concluiu Elis Silva.

 

Texto: Mariana Lacerda

Fotos: Igor Chaves

 


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