Conversa Literária aborda trajetória, influências e novos projetos do escritor homenageado da Feira Literária de Mucugê
A Feira Literária de Mucugê (Fligê) 2024, que este ano homenageia Itamar Vieira Junior, foi palco de uma inspiradora Conversa Literária intitulada “Itamar Vieira Junior – Percursos na Fligê: Torto Arado, Salvar o Fogo e Chupim”. A conversa foi mediada pela professora Jamile Borges e destacou a trajetória e as novas aventuras literárias do escritor, reconhecido mundialmente por suas obras “Torto Arado” (2019) e “Salvar o Fogo” (2023).
Itamar, que tem uma longa história com a Fligê, relembrou momentos significativos, como o lançamento de “Torto Arado” na feira em 2019, apenas um mês após sua publicação. “Torto Arado”, com seus personagens fortes que lutam pelo direito à terra nos territórios da Chapada Diamantina, tornou-se um marco da literatura contemporânea brasileira e uma fonte de inspiração para muitos leitores.
Durante a conversa, Itamar apresentou seu novo livro infantil “Chupim”, que será lançado em agosto na Festa Literária Internacional do Pelourinho, em Salvador, pela editora Todavia. Ele explicou que “Chupim” nasceu de uma passagem de “Torto Arado”, onde crianças expulsam chupins, pássaros que invadem a roça de arroz. “A partir dali nasce uma outra história, mas a partir de um novo olhar, de uma perspectiva que é de uma criança”, disse Itamar. O desafio, segundo ele, foi encontrar uma linguagem acessível e interessante tanto para crianças quanto para adultos. “Eu precisei voltar aos livros que fizeram a minha cabeça de leitor na minha primeira fase e o meu tempo de leitura começou na infância”.
Itamar também revelou que está trabalhando em um livro que complementa uma possível trilogia iniciada por “Torto Arado” e “Salvar o Fogo”. Ele destacou a importância da relação do homem e da mulher com a terra, não apenas como trabalho, mas como conexão essencial.
A mesa de conversa não só capturou a essência das obras de Itamar, mas também trouxe à tona a importância dessas histórias para a comunidade e a educação. Gláucia Araújo, professora de Língua Portuguesa do Centro Educacional Professor Armênio Santana Paiva, em Nova Colina, município de Boninal, contou que conheceu “Torto Arado” quando o governo do Estado disponibilizou o livro para as escolas. “Aproveitamos que Itamar estaria na Fligê e desenvolvemos um projeto de leitura com os alunos do nono ano. O livro traz muitas questões relacionadas à história da Chapada, uma época que os estudantes não vivenciaram, e a leitura flui de forma tranquila e dinâmica”, disse Gláucia.
A estudante de 14 anos do nono ano do ensino fundamental, Karen Vitória, compartilhou sua experiência com a leitura de “Torto Arado”. “Quando a professora propôs o trabalho, achei que seria difícil porque o livro trata de temas que não estamos acostumados. Mas a leitura foi muito boa e enriquecedora”, afirmou. A oportunidade de ver Itamar ao vivo foi uma experiência inspiradora para os jovens leitores.
As falas de Itamar e dos entrevistados mostraram a profundidade e a relevância das obras do autor, tanto no contexto literário quanto educacional. O uso de “Torto Arado” nas escolas para projetos de leitura evidencia a capacidade da literatura de Itamar de conectar histórias locais com a educação e a formação de jovens leitores.
A homenagem a Itamar Vieira Junior na Fligê 2024 promoveu um debate rico sobre literatura, história e a conexão entre diferentes expressões artísticas, reforçando o papel da Fligê como um importante espaço de reflexão e troca cultural.
A 7ª edição Feira Literária Mucugê, realizada os dias 24 a 28 de julho, conta com o apoio do Governo Federal, do Governo do Estado da Bahia por meio da Secretaria Estadual da Educação e Superintendência de Fomento ao Turismo – Sufotur, com parceria da Secult/Fundação Pedro Calmon e coletivos culturais.
Texto: Sara Dutra
Fotos: Lua Ife