Expografia MUAGEM traz histórias contadas por mulheres da Chapada

No dia 24 de julho, às 17h, foi aberta a expografia “Muagem: Oralituras Diamantinas”, na Fligê 2024. A exposição em parceria com a artista Adriana Camargo fica disponível para visitação até o último dia da feira, no domingo

Pedras entrelaçadas com fios vermelhos caracterizam uma obra viva de histórias e relatos. As pedras com seus sulcos ancestrais fazem referência às histórias contadas por mulheres de Igatu e Mucugê: as Litas, Ritas, Zelanis, Aldas e Zalzinhas relatam acontecimentos da região e das suas vidas em áudios disponibilizados para audição na expografia, e demonstram a riqueza da oralidade de mulheres idosas, negras e naturais da Chapada Diamantina. Os fios vermelhos que entrelaçam as pedras se referem aos caminhos por elas percorridos ao longo de suas trajetórias.

De acordo com Adriana Camargo, artista parceira da expografia da Fligê 2024, o termo “muagem” tem a ver com os encontros que evocam conversas e momentos felizes entre essas pessoas, e é especificamente utilizado na região da Chapada. A obra busca privilegiar e homenagear o feminino a partir das pedras e dos fios como ideia de trilhas, seguindo o tema da Fligê: “Memórias e Trilhas das Letras Diamantinas”. Ao todo foram entrevistadas nove mulheres, cinco de Mucugê e quatro de Igatu, para que elas pudessem contar as suas memórias. “Deixei essas mulheres muito livres para poder trazer as suas oralituras desenhadas e perpetuadas no tempo e espaço”, relata Adriana.

A expografia “Muagem: Oralituras Diamantinas” teve sua abertura no dia 24 de julho, quarta-feira, e fica aberta até o último dia da feira, no domingo. A oralidade não é restrita ao estudo da materialidade da fala, ela envolve contextos socioculturais específicos e, por isso, foi escolhida por Adriana Camargo como forma de perpetuar memórias, trilhas e histórias de mulheres com vidas e trajetórias sociais e culturais extremamente ricas e singulares. A expografia faz isso através de uma obra artística rica em sentidos e sentimentos.

Para a curadora da Fligê, Ester Figueiredo, “a expografia é demonstração de que a literatura também tem volume e forma. A gente vê que por meio do envolvimento das pedras um trabalho manual, artesanal, com artesania, da presença feminina. Essa expografia é muito forte. Ela demonstra como uma palavra do repertório da Chapada Diamantina, que é ‘muagem’, pode revelar enredos e faz o entrelaçamento de vidas e de trilhas”, diz. A Fligê mais uma vez reverencia a presença feminina e a produção artística e autoral que revela o diálogo da literatura com as outras artes, principalmente, as artes plásticas.

Para aqueles amantes da literatura e das artes em geral é uma boa pedida se encontrar com as pedras, os fios, os relatos e oralituras dessas mulheres que revelam em suas falas as riquezas de um povo e de um lugar cheio de  magias e singularidades, como é a Chapada Diamantina. A Fligê mais uma vez se orgulha de mais uma parceria artística que valoriza a cultura local e a presença feminina da região diamantina.

A 7ª edição Feira Literária Mucugê, realizada os dias 24 a 28 de julho, conta com o apoio do Governo Federal, do Governo do Estado da Bahia por meio da Secretaria Estadual da Educação e Superintendência de Fomento ao Turismo – Sufotur, com parceria da Secult/Fundação Pedro Calmon e coletivos culturais.

Repórter: Larissa Caldeira

Fotógrafa: Gabriela Nascimento

 


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