Conversa mediada por Elton Becker girou em torno do livro “Contra Fogo”, de Pablo Casella, lançado na Fligê 2024
O escritor Pablo Casella utiliza em seu livro “Contra Fogo” uma linguagem marcada pela oralidade das pessoas da Chapada Diamantina para tratar sobre o tema urgente da crise climática. No dia 26 de julho, o também analista ambiental, participou do Rota da Palavra II, “Memórias do fogo e das águas”, no Centro Cultural, às 19:30h, ao lado do brigadista Joaab Rocha, com mediação de Elton Becker.
Nascido em Guaratinguetá, São Paulo, em 1978, Pablo é formado pela Universidade de São Paulo, atua como analista ambiental no Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, o ICMBio, onde, de 2002 a 2022, fez parte da equipe gestora do Parque Nacional da Chapada Diamantina, na Bahia. “Contra Fogo” é o seu romance de estreia e foi o ponto de partida para a discussão sobre as brigadas voluntárias de combate ao fogo na região da Chapada Diamantina.
O livro, lançado na Fligê 2024, conta a história de um grupo de brigadistas voluntários que arrisca a própria vida para deter a voracidade dos incêndios que afetam a fauna, a flora e os rios da Chapada Diamantina. O líder da brigada, Deja, narra este romance, descortinando da forma que pode suas questões emocionais e existenciais que transcorrem em paralelo ao seu trabalho voluntário de apartar a briga do fogo contra a Chapada.
Algumas dessas jornadas de combate podem durar dias ou semanas quase sem descanso, chegando a prejudicar seu próprio conforto e o sustento da família. Cada um dos personagens da história expande ao seu modo esse universo peculiar, mas é a visão de Deja, personagem principal, que torna tudo complexo e vivo.
Para além de uma obra que trata de questões ambientais, o livro de Casella não é técnico nem ambientalista, ele traz a partir da história dos brigadistas voluntários a visão, linguagem, cultura e história de um povo, que utiliza as palavras de forma peculiar. A obra de ficção é um romance que trata das formas de vida e da linguagem como pertencimento. “Quando escrevi não me propus a uma obra ambientalista, nem uma temática específica. Ela é uma obra que desperta e sensibiliza as pessoas para essa temática do fogo”, diz Pablo.
Na conversa foi possível compreender o cotidiano dos brigadistas voluntários e os desafios dessas pessoas que deixam suas casas para subir os morros para combater o fogo. Para o brigadista Joab Rocha, esse trabalho carrega em si uma ancestralidade e é passado de geração a geração. Ele iniciou esse processo ainda na adolescência, aos 14 anos de idade. A primeira brigada voluntária do Brasil foi na da cidade de Palmeiras, na Chapada Diamantina. E hoje se espalhou por toda a região e pelo país.
A 7ª edição Feira Literária Mucugê, realizada os dias 24 a 28 de julho, conta com o apoio do Governo Federal, do Governo do Estado da Bahia por meio da Secretaria Estadual da Educação e Superintendência de Fomento ao Turismo – Sufotur, com parceria da Secult/Fundação Pedro Calmon e coletivos culturais.