O evento foi realizado na Galeria Arte e Memória, instalada em meio às ruínas de habitações garimpeiras do Parque Histórico de Igatu. A galeria conta com um museu a céu aberto, jardim de esculturas e salas de exposições, proporcionando um ambiente imersivo e histórico para os visitantes.

A noite começou com a instalação “Alameda dos Poemas”, uma criação de Marcos Zacariades, com curadoria literária de Katia Borges. Os versos dispostos ao longo da alameda ofereceram uma experiência sensorial única, transformando a passagem dos visitantes em uma viagem literária.

A escritora e jornalista Mariana Paiva deu início às apresentações com a leitura de três poemas que escreveu sobre Igatu. A exposição “Dusá – A Alegoria Sertaneja das Lavras”, de Alaido, também impressionou pelo seu olhar profundo sobre o sertão. O artista é de Feira de Santana e mora em Igatu há oito anos. Seu primeiro contato com a cidade foi há mais de 20 anos, quando visitou a região com seus pais. Sua mãe desenvolveu um projeto escolar que trazia turmas para conhecer a Chapada Diamantina, incluindo Igatu. Em 2014, ela se mudou definitivamente para a vila com a família.

A exposição de Alaido foi inspirada na célebre obra de Lindolpho Rocha, “Maria Dusá”. Através de sua interpretação e olhar sensível, Alaido criou peças que retratam a Vila de Igatu no auge da economia diamantina, evocando a riqueza cultural e histórica do período. Através de sua arte, ele não só homenageia a obra de Rocha, mas também preserva e celebra a memória de um capítulo importante da história da vila.

A música também teve um papel central na noite. O Concerto com o Quarteto de Flautas da Bahia trouxe uma performance impecável, encantando os ouvintes com sua harmonia. Durante o evento, houve também o lançamento do projeto Toca Literária. “A gente pensou que poderia continuar incrementando esse trabalho de formação leitora, propondo não só o empréstimo, mas a possibilidade de que a comunidade como um todo, principalmente de Igatu, abraçasse a ideia de que o livro é um instrumento de emancipação, de empoderamento”, disse Kátia Borges, curadora do projeto. A Filarmônica Lyra 28 de Abril de Andaraí encerrou a noite com um concerto, unindo tradição e modernidade em uma apresentação que emocionou a todos.

Eliane Sales, que veio de Salvador para a Feira de Literatura de Mucugê, comentou: “Me deparei com essa exposição super bonita. Eu vim para a Fligê e encontrei aqui uma descoberta importante, um resgate que me parece histórico e ao mesmo tempo poético. Com a valorização do lugar, uma valorização da cultura, do que é antigo e do que inspira novidades. Eu estou bem feliz de está aqui!”

O evento conta com o apoio do Governo do Estado da Bahia, por meio da Secretaria de Educação e da Sufotur. Vladimir Pinheiro, presidente da Fundação Pedro Calmon, destacou o crescimento e a relevância da feira: “O evento se consolida cada vez mais como um dos maiores eventos literários do nosso estado”. Ele também fez um convite para todos que queiram visitar a Fligê&Tu, que ficará até sábado (27) em Igatu, enquanto a feira continuará até domingo em Mucugê (28).

Com uma programação diversificada que inclui exposições, concertos e debates, a Fligê&Tu 2024 se apresenta como um farol de cultura e arte. A noite de abertura foi apenas o começo de um evento que, certamente, ficará gravado na história da vila e no coração de todos que participaram.

A 7ª edição Feira Literária Mucugê, realizada os dias 24 a 28 de julho, conta com o apoio do Governo Federal, do Governo do Estado da Bahia por meio da Secretaria Estadual da Educação e Superintendência de Fomento ao Turismo – Sufotur, com parceria da Secult/Fundação Pedro Calmon e coletivos culturais.

Texto: Sara Dutra

Fotos: Igor Chaves