Roda de Conversa: Literatura como instrumento de ressignificação da dor

A literatura é capaz de fazer ressignificar, transformar a forma de olhar para os momentos de dificuldade

A dor e luto não precisam ter o sofrimento como seu único fruto. Na tarde desta sexta-feira, 15, a programação da Fligê contou com uma roda de conversa com o tema “Escrita da Dor e do Luto na Literatura”, mostrando que nos momentos mais desafiadores da vida a literatura é capaz de fazer ressignificar, transformar a forma de olhar para as dificuldade, com os olhos de quem enxerga uma oportunidade de crescer e viver melhor.

As escritoras Poliana Policarpo (Tulipas Raras), Claudete Sousa (Uma Bandeja Contendo: Memórias de uma Enfermeira) e Crys Mendes (Fome na Alma, Nenhuma Comida Acalma) bateram um papo com o público sobre esses desafios, com interpretações que partem de diversos pontos.

A nutricionista Crys Mendes destacou a influência das oscilações emocionais no comportamento alimentar das pessoas. “A gente tem visto, pelas doenças emocionais, psíquicas, mentais, que as pessoas estão buscando como saciar suas fomes de alma”, disse ela. “A alimentação pode ser uma fonte de se conhecer. A partir do momento em que a gente toma consciência do que está colocando pra dentro do corpo, a gente também pode tomar consciência do que a gente está fazendo com o planeta”, pontuou Mendes.

A enfermeira e escritora Claudete Sousa lembra em seu livro das histórias vivenciadas no exercício da sua produção. “Além das histórias de dor, de luta vem também as histórias de uma pessoa. Incentiva as pessoas a cuidarem de suas dores, não esconder”, apontou a Claudete Sousa.

Poliana Policarpo falou da importância de acreditar na vitória sobre as dificuldades enfrentadas em momentos de dor e luto. “Essa obra é um tributo a todas essas mulheres que conseguiram enxergar a dor de uma forma distinta. Elas viram que as dores poderiam ser lições raras de força, de coragem, de fé, de esperança, resiliência e superação. A gente trabalha na obra essas conexões humanas”, disse. “A Fligê no momento em que ela abre esse espaço pra gente falar de dor, de luto, de sofrimento, isso é alo totalmente inovador. Muitas vezes falar de dor é algo que não está na moda, mas é justamente quando a gente toca no sentimento que a gente se torna cada vez mais humano. A Literatura é primordial pra gente dividir todas essas questões. Isso é maravilhoso”, concluiu.

A psicóloga brumadense, Iara Carla, que está visitando a feira pela primeira vez, gostou de perceber a discussão mostrar que os processos de luto e dor poder ser mais leves.”A mesa trouxe o luto no lugar de que é possível viver, colocar sua vulnerabilidade na escrita. Foi uma poesia, trazer a dor sem tanto peso. É possível passar pelos lutos, é possível sobrevivermos”, disse. “A Literatura chega a lugares em que eu, como profissional de psicologia, para chegar tenho dificuldade para chegar, levo muito tempo, e a leitura consegue acessar e tornar isso muito mais leve”, complementou.

 

Repórter: Guilherme Barbosa

Fotógrafo: Igor Chaves

 

Este projeto foi contemplado no Edital de Apoio às Festas, Feiras e Festivais Literários (n.º 01/2024), por meio do Programa Bahia Literária, com o apoio do Governo do Estado da Bahia, através da Secretaria de Educação e da Secretaria de Cultura, via Fundação Pedro Calmon.
O edital é direcionado à modalidade de fomento à execução de ações culturais, conforme o Decreto Federal n.º 11.453/2023, a Política Estadual de Cultura (Lei n.º 12.365/2011), o Plano Estadual de Cultura (Lei n.º 13.193/2014), o Plano Estadual de Educação da Bahia (Lei n.º 13.559/2016) e a Lei Federal n.º 14.133/2021. O projeto conta ainda com o apoio cultural do Instituto de Radiodifusão Educativa da Bahia (IRDEB), vinculado à Secretaria de Educação do Estado da Bahia, por meio da Rádio Educadora FM e da TVE Bahia.


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