Encontro reuniu Annie Moraes, Priscila Xavier e Luzitânia Silva, com mediação de Fernanda Quadros, para discutir como a leitura pode gerar mudanças sociais e inspirar novas práticas
A 8ª edição da Fligê recebeu neste sábado a roda de conversa “Leitura Literária e Ação Social”, reunindo as experiências e vivências de Annie Moraes, Priscila Xavier e Luzitânia Silva, sob mediação da professora, escritora e poetisa Fernanda Quadros. O encontro mostrou como a literatura, para além da estética e do entretenimento, pode ser ferramenta de transformação social, resistência e esperança em diferentes comunidades da Bahia.
Fernanda Quadros destacou a potência das três convidadas, que vêm de realidades diversas, mas compartilham a mesma convicção: a leitura pode mover estruturas. “São mulheres com trajetórias diferentes, mas que usam o poder da literatura para transformar os cenários à sua volta. Isso precisa ser mostrado, porque inspira e amplia o alcance de suas iniciativas”, afirmou.
A bibliotecária Annie Moraes ressaltou a importância de colocar o leitor como protagonista e de romper com o rótulo de “país que não lê”. Para ela, bibliotecários, professores e escritores devem assumir a responsabilidade de promover uma cultura leitora. “Precisamos transformar o Brasil em um país de leitores, e isso só acontece quando cada um de nós assume o compromisso de influenciar e incentivar o acesso ao livro”, disse.
Já Priscila Xavier, curadora literária e bibliotecária em formação, compartilhou sua trajetória marcada pela ausência de acesso à literatura na infância, realidade que hoje a impulsiona a levar projetos itinerantes para a zona rural de Érico Cardoso. “Eu sei o quanto faz falta. Por isso, desenvolvemos ações para aproximar as crianças da literatura, mostrando que ela pode ser entretenimento, conhecimento e memória afetiva. A literatura conecta e inspira”, explicou.
De Presidente Tancredo Neves, Luzitânia Silva emocionou o público ao relatar sua atuação no enfrentamento à violência de gênero por meio da escrita e da criação da Associação de Mulheres Liberinas. Ela narrou as dificuldades para realizar a primeira feira literária de sua cidade, enfrentando resistências, mas também colhendo frutos com a descoberta de novos talentos e a publicação de livros de moradores locais. “A literatura fez ecoar as vozes das mulheres e abriu espaço para que crianças, jovens e idosos acreditassem que também poderiam escrever suas histórias”, afirmou.
A mesa foi marcada pela diversidade de perspectivas e pelo engajamento social que atravessa os projetos das participantes. Dessa forma, a literatura reafirma sua força não apenas como arte, mas como instrumento de transformação coletiva.
Repórter: Sara Dutra
Fotógrafo: Thalis Ribeiro
Este projeto foi contemplado no Edital de Apoio às Festas, Feiras e Festivais Literários (n.º 01/2024), por meio do Programa Bahia Literária, com o apoio do Governo do Estado da Bahia, através da Secretaria de Educação e da Secretaria de Cultura, via Fundação Pedro Calmon.
O edital é direcionado à modalidade de fomento à execução de ações culturais, conforme o Decreto Federal n.º 11.453/2023, a Política Estadual de Cultura (Lei n.º 12.365/2011), o Plano Estadual de Cultura (Lei n.º 13.193/2014), o Plano Estadual de Educação da Bahia (Lei n.º 13.559/2016) e a Lei Federal n.º 14.133/2021. O projeto conta ainda com o apoio cultural do Instituto de Radiodifusão Educativa da Bahia (IRDEB), vinculado à Secretaria de Educação do Estado da Bahia, por meio da Rádio Educadora FM e da TVE Bahia.