Histórias, sabores e saberes locais encontram espaço aberto na Fligê

Fligê abraça produções locais e garante espaço para obras que tratam do dia a dia dos moradores de Mucugê

“A comunidade daqui pode produzir um trabalho de valor literário muito rico e a Fligê apoia isso. É muito importante. Estou emocionado com a organização, com a atenção e com o carinho com a Literatura”. A declaração do escritor paulista Luiz Madrid demonstra a valorização que as obras locais recebem durante a Fligê.

O livro “Contos e Crônicas de Guiné”, escrito por Madrid e 10 adolescentes e jovens da Vila de Guiné, foi lançado na manhã desta sexta-feira, 15, durante a feira. A obra traz à tona narrativas de quem vivencia o dia a dia de uma das comunidades rurais de Mucugê. “Surgiu a ideia de criar um livro com escritores locais que pudessem contar suas histórias, histórias que o avô contava, do fantasma, o galo que canta meia-noite e é sinal de morte, sabe? E eu gostei porque o processo de descoberta da palavra, da história é tão importante. Os jovens vinham com uma historinha e a gente começava a tirar o pó daquela historinha e descobrir que tinha uma historiona”, conta Madrid.

A atenção à vivência local se destaca também na trilogia lançada nesta sexta-feira com o Selo Fligê: “Cartografias Afetivas – Cantigas, Sabores, Vozes da Memória de Mucugê: trilogia sensível do território”. A obra se divide em entre as cantigas populares, a cozinha local, com suas receitas e modo de fazer, se alinhando com os contos, lendas e memórias orais que formam o imaginário coletivo da cidade.

Esse trabalho é resultado de parte do projeto pedagógico da Fligê, coordenado por Marcos Paraguassú, que aponta que o objetivo é fortalecer a conexão dos estudantes com suas raízes. “A ideia foi levar os nossos alunos a conhecerem a nossa cultura, em cada canto do município, a culinária, as cantigas, as lendas que envolvem o nosso município, que tem uma extensão territorial muito grande”, explica. “Antes de conhecer a história de qualquer lugar distante, é  preciso que a gente conheça a nossa própria história para que a gente possa se identificar. Isso foi importante pra eles. Com esse projeto eles se aproximaram dos pais, avós, vizinhos mais velhos tentando conhecer, descobrir como essas pessoas viveram no passado”, complementa.

Esther Torres, estudante do 1º ano do Ensino Médio do Colégio Estadual de Ensino Integral de Mucugê, participou do projeto. “Foi gratificante demais estar ali, participar do andamento, cozinhar, estar ali”, conta ela, que destaca também a importância de lançar o livro na Fligê. “Incentiva mais jovens e as pessoas que tem interesse pela leitura”, avalia.

 

Repórter: Guilherme Barbosa

Fotógrafo: Thiago Gama

 

Este projeto foi contemplado no Edital de Apoio às Festas, Feiras e Festivais Literários (n.º 01/2024), por meio do Programa Bahia Literária, com o apoio do Governo do Estado da Bahia, através da Secretaria de Educação e da Secretaria de Cultura, via Fundação Pedro Calmon.
O edital é direcionado à modalidade de fomento à execução de ações culturais, conforme o Decreto Federal n.º 11.453/2023, a Política Estadual de Cultura (Lei n.º 12.365/2011), o Plano Estadual de Cultura (Lei n.º 13.193/2014), o Plano Estadual de Educação da Bahia (Lei n.º 13.559/2016) e a Lei Federal n.º 14.133/2021. O projeto conta ainda com o apoio cultural do Instituto de Radiodifusão Educativa da Bahia (IRDEB), vinculado à Secretaria de Educação do Estado da Bahia, por meio da Rádio Educadora FM e da TVE Bahia.


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