(Des)Conexão: Fligê promove discute as relações entre seres humanos e natureza

Postura predatória da humanidade com o meio ambiente é tema de reflexão na Fligê

O olhar para a forma como a humanidade tem se relacionado com a natureza é tema central da Fligê 2025. Na manhã de sábado (16), a médica infectologista e poetiza Iza Lobo, a artista Adriana Camargo e a escritora e pesquisadora Gislene Moreira falaram de suas produções, que têm a interação entre seres humanos e a natureza como foco.

O modelo predatório e desrespeitoso com o qual a humanidade tem escolhido interagir com o meio ambiente está colocando a sobrevivência da espécie humana em xeque. Iza Lobo aponta que esse desarranjo é capaz de provocar o surgimento de doenças provocadas por vírus ainda desconhecidos, como aconteceu com a Covid-19. “Quando você quebra o equilíbrio do ecossistema aparecem novos vírus, que podem se espalhar, nos atingir. São desconhecidos ainda”, alertou. “A destruição da natureza nos destrói. Quando a gente destrói a natureza, a gente destrói essa conexão que circunda a vida no planeta Terra. Não tem separação, é tudo junto”, explicou.

Durante o encontro, Adriana Camargo falou do seu processo artístico. Segundo ela, é preciso estabelecer uma conexão com a natureza que ela retrata em seus trabalhos, como na expografia “Palavra, O Grande Rio”, instalada na Fligê. “Eu preciso estar conectada com a terra para entender o espaço-território e o corpo-território dessas pessoas quando eu vou produzir uma obra de arte, para que eu possa, a partir dessa conexão, distinguir onde vai se encontrar esse meu trabalho atual. Meu trabalho veio muito do tema da Fligê, Rios e Matas da Narrativa”, explicou. Camargo falou de seu sentimento ao ver se conectar com espaços naturais degradados. “Eu me sinto pessoalmente violada”, revelou. 

Para Gislene Moreira, mudar o quadro de devastação atual exige passar a colocar a vida no centro das atenções. “É um processo de colocar a vida no centro, é uma escolha cotidiana. Ou a gente faz isso ou a gente não tem planeta, não tem mais possibilidade de existência. Trazer essa escolha pro centro implica em participar ativamente dessas escolhas, isso implica em escolhas de poder. A gente tem que se envolver com as lutas e os conflitos ambientais desse território”, apontou.

 

Repórter: Guilherme Barbosa

Fotógrafo: Thiago Gama

 

Este projeto foi contemplado no Edital de Apoio às Festas, Feiras e Festivais Literários (n.º 01/2024), por meio do Programa Bahia Literária, com o apoio do Governo do Estado da Bahia, através da Secretaria de Educação e da Secretaria de Cultura, via Fundação Pedro Calmon.
O edital é direcionado à modalidade de fomento à execução de ações culturais, conforme o Decreto Federal n.º 11.453/2023, a Política Estadual de Cultura (Lei n.º 12.365/2011), o Plano Estadual de Cultura (Lei n.º 13.193/2014), o Plano Estadual de Educação da Bahia (Lei n.º 13.559/2016) e a Lei Federal n.º 14.133/2021. O projeto conta ainda com o apoio cultural do Instituto de Radiodifusão Educativa da Bahia (IRDEB), vinculado à Secretaria de Educação do Estado da Bahia, por meio da Rádio Educadora FM e da TVE Bahia.


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