Desfile Literário mistura natureza, cultura e poesia da Chapada Diamantina durante a abertura da Feira Literária de Mucugê
As cores da natureza da Chapada Diamantina tomaram conta das ruas de Mucugê durante o Desfile Literário realizado nesta quinta-feira, 14. Inspirado no tema da 8ª edição da Fligê, “Rios de Mata da Narrativa”, o cortejo trouxe grupos culturais e estudantes para a celebração que é uma tradição durante a abertura da Feira Literária.
À frente, na primeira ala, e de mãos dadas com professoras, mães e avós, os alunos de 4 e 5 anos da escola Proinfância Municipal Professor Elice Silva Costa Azevedo mostraram que a educação literária começa cedo na cidade.
Dando ritmo ao desfile, duas fanfarras percorreram as ruas do Centro Histórico. Uma delas, a Fancehm, comandada pelo instrutor Dourival Ferreira de Freitas, morador de Mucugê há 20 anos e veterano nas edições do Desfile Literário. “Participo da Fligê desde a primeira edição, em 2016. É muito bom ter as duas fanfarras presentes, mostrando a cultura da cidade, e ver que muitos integrantes também participam de outras atividades da Feira”.
Seguindo as fanfarras, cada ala representou um aspecto que torna Mucugê e a Chapada Diamantina territórios únicos, seja pela natureza, seja pela cultura. Na ala “Flora e Fauna”, os estudantes exibiam fotos de flores, plantas e animais característicos da região. Em “A vida da Chapada”, os pássaros eram representados por máscaras usadas pelos estudantes, em referência às penas que colorem os céus e a vegetação típica da região.
Em “Poesia”, os alunos do 7º ano da Escola Lapidar encenaram o esplendor natural das cachoeiras e os movimentos das águas. “Foi muito divertido participar. Treinamos a formação antes”, conta Gabriel Santos, de 12 anos, em sua terceira participação.
Na ala “Lendas de Mucugê”, os alunos se aprofundaram em tradições como o Terno das Almas, e personagens como a Lavadeira e o Coronel Rigoroso, figuras que povoam as histórias contadas e passadas de geração em geração.
Todo o cuidado e dedicação vistos no desfile são frutos do trabalho dos alunos e professores de seis escolas, entre municipais, estaduais e particulares, que se prepararam ao longo das aulas para participar da Feira Literária.
“Nós estamos no segundo dia da 8ª edição da Fligê e o desfile literário é um momento de culminância de todo o trabalho que é realizado pré-Fligê. Porque as escolas discutem o tema e fazem uma interpretação do tema. Muitas vezes, também, relacionando-o com escritores brasileiros. Então, nesse cortejo literário cada ano escolar e cada escola faz a sua interpretação do tema”, afirma Ester Figueiredo, curadora da Fligê.
Ao lado do desfile, um grupo se destacava segurando uma placa com a frase “Silêncio, a poesia vai cochichar em você”. Alunos ofereciam poemas recitados para quem assistia. Para que os versos chegassem aos ouvidos e superassem o volume da música das fanfarras, a turma criou cones de plástico reciclado que faziam as vezes de um tubo. De um lado, o ouvido de quem aceitava o poema. Do outro, versos soprados com delicadeza.
As irmãs Clara Malu e Maria Rosa Viana de Souza Gomes, de 13 e 11 anos, aprenderam poemas de Conceição Evaristo e de Ruth Rocha. “A gente ensaiou muito até decorar e fizemos os cones”, contou Maria Rosa depois de recitar os versos.
Nas praças, em frente às casas e às lojas, quem não seguiu o desfile desde a saída da Igreja Santa Isabel, parou para apreciar. Compondo o público, uma moradora ilustre em sua calçada, na porta de casa: Tia Val, de 76 anos, conhecida como Valzinha. Deficiente visual, acompanhava o desfile com palmas e sorrisos para quem passava.
“Gosto de prestigiar a vibração, a alegria de viver, a explosão da juventude. Como diz o folclore, passamos a cultura de geração em geração. O que a gente sabe não pode ficar só com a gente, temos que expandir”.
Repórter: Paula Janay
Fotógrafo: Thiago Gama
Este projeto foi contemplado no Edital de Apoio às Festas, Feiras e Festivais Literários (n.º 01/2024), por meio do Programa Bahia Literária, com o apoio do Governo do Estado da Bahia, através da Secretaria de Educação e da Secretaria de Cultura, via Fundação Pedro Calmon. O edital é direcionado à modalidade de fomento à execução de ações culturais, conforme o Decreto Federal n.º 11.453/2023, a Política Estadual de Cultura (Lei n.º 12.365/2011), o Plano Estadual de Cultura (Lei n.º 13.193/2014), o Plano Estadual de Educação da Bahia (Lei n.º 13.559/2016) e a Lei Federal n.º 14.133/2021. O projeto conta ainda com o apoio cultural do Instituto de Radiodifusão Educativa da Bahia (IRDEB), vinculado à Secretaria de Educação do Estado da Bahia, por meio da Rádio Educadora FM e da TVE Bahia.