200 anos da Independência da Bahia: música e expressão política

A história é um campo de disputas e as palavras são armas nesse combate. No último sábado (19), a Fligê promoveu a Mesa Música e Poesia na Independência do Brasil na Bahia, um diálogo que trouxe à tona o 2 de Julho e a história política por meio das expressões musicais populares.

Neste ano, o jornalista Franklin Martins, que conduziu o debate, lançou o Volume Zero do livro “Quem foi que inventou o Brasil?”, com o subtítulo “A música conta a história do Império e do início da República (1822-1906)”, que foi o cerne da discussão durante a atividade.

A música, segundo o jornalista Franklin Martins, é um poderoso dispositivo para que o povo narre sua própria história, iluminando a formação do Brasil como nação independente após a conquista histórica pelo povo baiano.

Ele destaca que as canções argumentam e narram de maneira contundente. “A memória é transmitida oralmente e a música possui rima, ritmo, alma e melodia, o que facilita essa transmissão. Em uma sociedade marcada pela tradição oral, como o Brasil, a música desempenha um papel extraordinariamente importante na organização da cultura e na compreensão da sociedade.”

Enquanto conduzia sua explanação, o jornalista enfatizou a rica tradição brasileira de músicas políticas, com cerca de 1.100 composições relacionadas ao tema. “Todos os povos têm músicas sobre política, mas os brasileiros têm muito mais. Geralmente, essas produções surgem em outros países em momentos de conflito, porém, em nossa nação, esse processo é constante.”

Além disso, destacou a relevância da Independência do Brasil na Bahia, cujo bicentenário foi comemorado em 2023. Para ele, “É um marco crucial, pois a Bahia desempenhou um papel fundamental. Os portugueses encontraram sua resistência mais forte aqui, apesar de tentarem em vários lugares. Com o apoio das tropas, os baianos conseguiram derrotar os portugueses. Esse evento foi determinante para a história da independência do Brasil, já que obrigou os portugueses a abandonarem a ideia de controlar o país.”

Também formou a Mesa, Geraldo Prado, professor e pesquisador que é responsável pela Biblioteca Comunitária Maria das Neves Prado, em São José do Paiaiá, a “maior biblioteca rural do mundo”, com 110 mil livros.

A mediação ficou sob responsabilidade de Josemar Pinzoh, doutor em Educação e Professor Adjunto da Universidade do Estado da Bahia (UNEB).

A Fligê foi enriquecida com a abordagem desses temas, oferecendo aos participantes uma perspectiva profunda sobre a intrincada relação entre música, política e história no contexto do Brasil.

Assista a Mesa Completa no nosso canal do YouTube:

📚🎶 A Fligê – Literatura e Música, realizada entre os dias 16 a 20 de agosto em Mucugê, na Chapada Diamantina, Bahia, é patrocinada pelo Governo do Estado da Bahia, por meio de emendas parlamentares vinculadas, com parcerias institucionais, de coletivos culturais da região e com apoio do poder público local.

Texto: Érika Carmargo

Fotos: Gabriela Nascimento


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