Corpos embalando palavras, cantos expressando religiosidade e figurinos valorizando o que existe de mais ancestral na obra de Jorge Amado. Em “Baile Literário Orixirê”, o diretor e dramaturgo Edvard Passos exalta a riqueza cultural e religiosa de importantes personagens do escritor baiano.
“Dona Flor é de Oxum. Vadinho é de Exú. Pedro Arcanjo é de Exú. Massú é de Ogum. O conceito de ‘Orixirê’ foi justamente apresentar os orixás que regem o ori, que regem a cabeça dos personagens de Jorge Amado”, explica ao falar como se deu a ideia o espetáculo.
Revisitar a obra e a vida amadiana também foi essencial para Edvard montar o espetáculo, especialmente criado para a Fligê. “O tema da Feira fez com que a gente mergulhasse ainda mais no tema da ancestralidade. Fez a gente olhar pra tudo que havia de ancestralidade com muito cuidado”.
A representação dos orixás e das personagens foram performadas pelos atores e atrizes do Grupo Bahia e Axé, de Salvador. “Foi maravilhoso pra gente, porque além de fazer o personagem, a gente ainda conseguiu aprofundar no entendimento desse arquétipo que cada personagem traz que é o orixá”, disse o ator Everton Machado, que encenou e dançou ‘Pedro Arcanjo’, personagem do romance Tenda dos Milagres.
“A integração com o grupo, que já tinha um repertório de danças folclóricas da Bahia, com dança de orixá, maculelê, capoeira, com o trabalho que a gente já havia fazendo do Jorge Amado acabou fazendo a ponte entre ancestralidade e literatura”, completa Edvard.
O público se manteve atento e em sintonia com o “Baile Literário Orixirê”, que foi apresentado na Praça dos Garimpeiros. Era comum a plateia ora interagindo com a representação dos personagens, ora acompanhando o espetáculo com rezas e danças características das religiões de matriz africana.