A última mesa de conversa da Fligê 2019, ocorreu na tarde deste domingo (17) e teve como tema “As efemeridades e asperezas que compõem o imaginário poético nas paisagens periféricas e urbanas”. O bate-papo, que teve início por volta das 14 horas, contou com a presença das poetisas Deisiane Barbosa e Meimei Bastos e foi mediado por Camila Moreno.
Após as apresentações, Meimei Bastos, que nasceu, cresceu e vive na periferia do Distrito Federal, deixou de lado o microfone e se pôs de pé para declamar o poema “Eixo”, em que traz à tona uma Brasília periférica e distante dos palácios e catedrais, mas repleta de samambaias e igrejinhas, retratando com beleza e sinceridade a frieza e exclusão da cidade dos sonhos. “Não sou concreto, sou quebrada”, finalizou, fazendo uma onda de aplausos explodir na plateia.
O poema da brasiliense abriu com beleza a discussão sobre a poesia feita por mulheres pretas e periféricas e Deisiane Barbosa falou sobre a gratidão de poder discutir sobre o tema na Fligê 2019. “Me considero poeta, andarilha e escritora de cartas, eu falo do que vejo enquanto ando no meu dia a dia e gostaria de falar que é um prazer e uma gratidão enorme estar aqui”.
Além de declamarem poemas, responderem perguntas do público e falarem da importância da noção de coletivo e da oralidade para manter viva a identidade da literatura negra no Brasil, as escritoras apresentaram seus livros: Deisiane Barbosa trouxe “Refugos” e Meimei Bastos “Um verso e mei”. Após a conversa, uma seção de autógrafos foi iniciada e as autoras atenderam com carinho os leitores que apreciam e se identificam com seus trabalhos.
É de identificação que fala a estudante de comunicação Quezia Santos: “eu adoro temas voltados para mulheres negras, empoderamento e a conquista de lugares incomuns, como a presença de mulheres negras na literatura. Por isso, eu fiz questão de vir prestigiar essas mulheres que são de comunidades carentes e deram a volta por cima, para mim, isso é inspiração”.
Foi o primeiro ano das duas poetisas na Feira Literária de Mucugê, “não é fácil encontrar um evento literário onde se pode vivenciar tão profundamente, com tanta proximidade, o meio e o público. Essa acessibilidade com o todo da feira é algo fantástico de vivenciar. Eu espero muito voltar e quero dizer ‘vida longa à Fligê!’. Desejo que esse evento se expanda. Que não seja apenas a Feira Literária de Mucugê, mas passe a ser a Feira Literária da Chapada Diamantina”, declarou Meimei Bastos sobre sua experiência no evento.
Texto: Tamyres Lenes | Fotos: Vinícius Brito