Na tarde desta sexta-feira (16), as advogadas Lara Sampaio e Anamaria Fonsêca trouxeram para a Fligê uma discussão teórica e poética sobre a migração forçada ao longo da história brasileira em um bate-papo carregado de poesia social na Casa ConVerso.
Sampaio e Fonsêca reuniram um grupo de professores e estudantes em uma roda de conversa marcada por reflexões sobre temas como: migrações forçadas e voluntárias para o Brasil, crise internacional, tráfico de pessoas e realidade de refugiados ao redor do mundo, tudo isso amparadas por um rico aporte teórico e embaladas pelos versos de Castro Alves, homenageado da Fligê 2019.
“No mundo, hoje, são quase 70 mil de pessoas forçadas a sair de seus lares todos os anos”, salientou Anamaria em sua fala, na qual também relembrou a realidade dos venezuelanos e da intensidade da migração síria para o Brasil, devido as crises políticas e econômicas.
Pela atualidade de movimentos migratórios, para ela, o tema deste ano da Fligê é de extrema relevância. “A escolha do tema deste ano foi muito preciosa no sentido de que sem a valorização da nossa memória não existe a efetivação de um futuro adequado. Então, é necessário que a gente traga a questão da poesia social para refletirmos sobre o futuro que a gente quer construir e o passado que a gente não quer repetir”, pontuou, referindo-se à homenagem da Fligê à Castro Alves, que sempre trazia em suas obras a realidade da saudade, da luta popular e do pertencimento à terra natal.
Além das discussões teóricas, houve a leitura de trechos de poemas do homenageado pelo grupo, entre eles: “Cansaço”, “Fatalidade”, “Adeus”, “Hora do Martírio” e “Hora da Saudade”. A cada leitura, as advogadas contextualizavam passado e presente, refletindo sobre Direitos Humanos, Direito Internacional e Direito Migratório, ressaltando a relevância de Castro Alves hoje.
“Às vezes a arte fala mais que os teóricos”, disse Lara Sampaio, após a leitura de “Improviso”. “A Fligê deste ano proporcionou de fato um encontro entre as nossas ideias e o tema da Feira, que serve, inclusive, para mostrar que as situações de denúncia social do século passado ainda podem ser vistas e reconhecidas no tempo atual”, concluiu.
Texto: Tamyres Lenes | Fotos: Karen Almeida