Poeta português, Luís Serguilha é pesquisador da poesia brasileira atual e crítico literário. Distinguiu-se em várias áreas, tendo atuado como coordenador de uma academia de motricidade-humana, colaborador em pesquisa arqueológica da época castreja, dinamizador de bibliotecas de jardim. Autor de 14 livros, também escreve ensaios e colabora com revistas de arte. Criador da estética do Laharsismo, Serguilha é curador do projeto “Raias-Poéticas: Afluentes Ibero-Afro-Americanos de Arte e Pensamento” em Portugal, em Salvador e em São Paulo. “Koae”, “Kalahari”, “Plantar Rosas Na Barbárie” e “Falar É Morder Uma Epidemia” são os seus títulos mais recentes. Recebeu o Prêmio de Literatura Júlio Brandão (2000) pelo livro de prosa, “Entre Nós”, e o Prêmio Hermilo Borba Filho (2019) por “Harmatía”.
Lançamento: “Falar é morder uma epidemia” (2019)
Evidentemente, não se trata de uma obra de fácil leitura; a opacidade de sua espessura e o intricado da arquitextura de suas “línguas-mandalas-caleidoscópicas” criam grandes desafios ao leitor, instigando-o continuamente. A multiplicidade dos ritmos construídos, seu “movimento-maracatu”, seu “frevo jazzístico”, o “transe do inacessível de Boulez” impossibilitam o repouso, a estagnação. Diante desse livro, o “animal-leitor-sem-leme” se desnorteia, perdendo-se no labirinto traçado em suas páginas, para o qual não existe um fio a apontar a rota certa; o caminho, irradiante e proliferante, se constrói, então, na duração da própria re/des/trans/leitura, sempre múltipla e sem um ponto previsível de chegada. Assim, o inaudito “poema-Thaumazein” captura pelo assombro, pela perplexidade – sempre convites ao pensamento. A leitura da obra de Serguilha se instaura, portanto, como um combate com o caos e com o hermetismo do qual não se sai incólume. Em suas múltiplas dobras e desdobramentos, o texto serguilhiano constrói um diálogo com o barroco, não o barroco histórico, seiscentista, vincado pela Contrarreforma, mas com um conceito estético extemporâneo que é mencionado amiúde ao longo do texto.
Na Fligê:
Rota da Palavra 2 – Centro Cultural
16/8 – Sexta – 17h – POÉTICAS TRANSÂTLANTICAS