“Ler é encontrar”, afirma Luís Serguilha

“Sou uma espécie de animal em movimento!” Foi assim que Luís Serguilha, poeta, crítico e ensaísta, iniciou sua fala na Rota da Palavra, mediada por Rita Santos, cujo tema era “Poéticas transatlânticas”. 

Com uma exposição poética, falou da literatura e da geografia fazendo referência ao grande homenageado. “O grito de Castro Alves é o grito de afirmação da vida, feito através do corpo artístico, da intensificação do sensível”, usando a obra de Castro Alves, falou sobre a arte e suas sensações. 

O que é ler? O que é ser leitor? Foram as perguntas feitas pela mediadora, e numa fala carregada de experiências, “intensificada”, segundo o próprio poeta. Serguilha apresentou conceitos sobre a leitura, que transcendem o tradicional: “ler não é estudar, ler é encontrar. O encontro é uma abertura imensurável ao infinito. A leitura nos livra da escuridão”. 

A importância da escrita e da leitura no tempo da digitalização foi um dos subtemas abordados durante a conversa. Serguilha apresentou conceitos abstratos que não criam um mundo reativo, mas “surfam” nesses dispositivos. Para ele é importante avaliar se esses dispositivos intensificam o corpo do leitor, “a literatura não vai evitar o mundo, ela faz variar”, afirmou. 

A intensidade com a qual o poeta falava da literatura atraía os olhos de todos os presentes, para o palco. O lançamento do seu livro “Falar é morder uma epidemia”, acontecia simultaneamente, o que abriu espaço para explicar alguns pontos abordados no livro. Com uma escrita convidativa, segundo Rita Santos “é preciso mergulhar para desdobrar cada conceito desse livro”. “Falar é escutar”, e assim, Luis Serguilha foge das abordagens tradicionais e apresenta outras interpretações para o mundo da escrita, da leitura, e da literatura.  

“Ele tem um ponto de vista muito especial sobre a composição do escritor e do leitor, é uma visão que a gente normalmente não tem acesso. A gente precisava que muitas pessoas escutassem isso e começassem a pensar sobre esse papel da literatura dentro da sociedade”, essas foram as palavras de Ariana Magalhães que participa da Fligê pela segunda vez.

As idas e vindas durante a fala, indicavam aquilo que o pensador destacou como “o movimento infinito da vida”. Para ele, esse ciclo é não ter medo de mergulhar na obra infinita da linguagem, compreendendo que a tragédia da vida nos diz “somos finitos, sabemos que somos finitos”, mas é justamente por essa compreensão da nossa finitude, que somos guiados ao infinito. 

Texto: Raquel Lemos | Fotos: Ailton Fernandes


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