Jean Wyllys, presente!

A quarta edição da Feira Literária de Mucugê – Fligê não poderia deixar de se referir a um exílio dos dias de hoje. O escritor e ex-deputado federal Jean Wyllys está exilado, deixou o Brasil para sobreviver, para assegurar que sua voz continue a ecoar.

Jean Wyllys, que incentivou a realização da feira literária desde a primeira edição e, como deputado federal, destinou emendas parlamentares para o projeto, foi homenageado pela Fligê na noite do sábado (17). Foi por meio da força das palavras e da escrita, que o escritor Jean Wyllys se fez presente em mais uma edição da Fligê.

O nome de Jean e sua voz combativa ecoaram, novamente, pelo Centro Cultural da cidade, onde ele já esteve, atraindo um grande público, durante edições anteriores da Fligê (2015 e 2017).

O deputado federal Waldenor Pereira lembrou que as participações de Jean na Fligê sempre foram marcantes e necessárias: “ele tem sido um militante ativo pelos direitos humanos e em função da sua participação, desde a primeira edição na Fligê, sempre colabora diretamente com a construção da nossa feira literária e a formatação da nossa programação”.

Nesse ano, a ausência de Jean Wyllys foi apenas física, pois ele chegou ao público por meio do seu mais recente livro, “O Que Será — A História de um Defensor dos Direitos Humanos no Brasil”. Apresentado pelo jornalista e amigo Sandro Lobo, que vestia uma camisa com a pergunta “Quem mandou matar Marielle?”, o livro é uma espécie de caderno de memórias do jornalista, escritor e ex-deputado que hoje está exilado.

Com colaboração de Adriana Abumjara, “em ‘O Que Será’, Jean Wyllys revê a trajetória do Brasil através de sua própria história e narra o longo caminho percorrido de Alagoinhas até Berlim, cidade que escolheu para morar após desistir do mandato e deixar o país”, diz a apresentação. Emblemático, o lançamento sem o escritor, provoca uma série de questionamentos. 

“Jean está morando em Berlim. Ele não recebeu simples ameaças de morte, foram ameaças graves, com informações detalhadas, envolvendo a mãe, as irmãs. A decisão por deixar o Brasil não foi fácil pra ele”, detalha o amigo. “No livro, ele conta toda sua trajetória, que é de muito antes do BBB, Jean não nasceu na Globo… e nessas histórias são colocadas muitas questões, uma delas é ‘quem mandou matar Marielle Franco?’”, destacou Lobo. 

 

Em vídeo, Jean enviou uma mensagem de agradecimento ao público da Fligê: “recebo essa singela homenagem com muita honra. A Fligê sabe que eu sou um amigo da Fligê, eu gostaria muito de estar presencialmente, mas infelizmente não é possível. Eu não quero dizer, como a musa de Castro Alves, ‘adeus! ó choça do monte!… Adeus! palmeiras da fonte!… Adeus! amores… adeus!’, eu quero dizer até breve, porque espero que esta noite passe e nossa democracia seja reconstituída”, disse.

Jean foi reeleito deputado nas eleições de 2018 pelo Rio de Janeiro, mas ele renunciou ao cargo, deixando o Brasil no final de janeiro desse ano, após receber uma série de ameaças de morte. 

Com o lançamento do livro, a Fligê prova que, por meio da palavra, os encontros são sempre possíveis!

Texto e fotos: Ailton Fernandes


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