A FligêCine é a mostra de cinema que faz parte da programação da Fligê. A primeira exibição dessa 4º edição foi o documentário “A última abolição” da roteirista e diretora Alice Gomes. O longa aborda a abolição da escravatura no Brasil destacando os movimentos abolicionistas, suas lideranças e participantes que foram invisibilizados nas memórias históricas.

“O acesso a esse tipo de conhecimento é importante não somente para os descendentes de negros, mas para toda a comunidade, porque a sociedade brasileira foi construída em cima da escravidão e até hoje é possível ver os reflexos da sua abolição tardia”, conta o advogado Caio Caribela, da cidade Jequié. 

A narrativa do documentário apresenta o contexto da luta pela liberdade pouco antes da Lei Áurea ser assinada pela Princesa Isabel no dia 13 de maio de 1888, que marcou a história do Brasil após sua independência. Escritores, pesquisadores e historiadores explicam os navios negreiros que transportavam os povos escravizados do continente africano até o Brasil; o castigo exemplar, e apresentam uma linha do tempo que exibe marcos importantes como a Revolução do Haiti. 

A FligêCine conta com um público variado, crianças, jovens e adultos. José Ramos, de 50 anos, é professor de história em Mucugê, levou seus filhos de nove e seis anos para assistir ao documentário. “Os meninos acharam que eram um filme mais infantil, mas quando eu cheguei aqui que vi um documentário falando da escravidão. Eu que sou professor de história, foi enriquecedor pra mim, já posso aplicar nas minhas aulas”. Para ele, é importante desenvolver essa consciência na nova geração, para que as crianças compreendam todo o processo de luta por liberdade, enfrentado pelo povo negro. 

“Sê livre… És gigante”, como o tema dessa edição da Fligê, “A última abolição” é uma obra que retrata em suas cenas, a consciência de liberdade dos povos escravizados e seus movimentos de luta para conquistá-la.  

Texto: Raquel Lemos | Fotos: Karen Almeida