Fligê ressalta a importância de revisitar Castro Alves

Há quase 150 anos, morria o poeta Castro Alves. A Feira Literária de Mucugê – Fligê, no entanto, afirma: é necessário evocar a sua voz nos nossos dias. Passado e presente se encontram na obra do poeta forjado pelo século XIX, que nos serve para iluminar os caminhos do porvir. 

A primeira conferência da Fligê, na noite desta quinta (15), abordou o poeta homenageado dessa edição. Em “Castro Alves: o filho da terra em imagens afrofuturistas”, conduzida pelo diretor teatral Edvard Passos, autor do livro “Castro Alves: Teatro e Performance”, a Fligê reiterou a importância de revisitar a obra do poeta baiano para reposicionar sua vida e obra.

“Parece que, vez por outra, a gente teima em passar pelos mesmos pontos, ainda que eles sejam atrozes. A obra de Castro Alves tem a importância de, por um lado, dar uma consciência desses movimentos cíclicos da história, ao mesmo tempo em que, por ser uma espécie de poeta sempre jovem – ainda que ele fale do século XIX –, nos empurra pra frente”. 

Convém, inclusive, falar sobre vida e obra ao abordar Castro Alves, afinal a poesia abolicionista e a trajetória de vida do poeta, arraigados na luta contra injustiças e desigualdades, são indissociáveis. “Castro Alves era um poeta ativista, uma personalidade da ação. Nesse sentido, esse fogo dele é muito inspirador”, afirma Passos, que além de ser diretor de teatro, pesquisa a obra do homenageado.

O conferencista alicerçou sua fala no gênero político-literário do afrofuturismo, que descoloniza o discurso hegemônico de um continente africano mítico para lança-lo a uma perspectiva das realidades históricas a fim de reinterpretar o passado e imaginar um futuro, reintegrando-os às narrativas contemporâneas. 

A curadoria da Fligê preocupou-se em dar ao público uma extensa programação para discutir e reviver a obra do poeta Castro Alves. Edvard, que há 6 anos pesquisa o poeta, conta que se sentiu admirado com essa abordagem. “Eu fico muito impressionado com a qualidade da homenagem que está sendo feita pela Fligê porque observo que a programação é resultado de uma curadoria muito competente, sofisticada, capaz de mapear realmente tudo o que temos de significativo em torno do poeta. Ver que outras pessoas estão embarcando no pensamento renovador, que a Feira proporciona, causa um sentimento de coletividade”, avaliou.   

Texto: Érika Camargo | Fotos: Vinícius Brito


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