Desde 2016, quando aconteceu a primeira edição da Feira Literária de Mucugê – Fligê, a programação tem apresentado e revelado ao público novos escritores. Na edição de 2019 não será diferente. De 15 a 18 de agosto, a Fligê apresenta em seu programa principal a oportunidade de um diálogo entre gerações, com a participação de escritoras e escritores baianos e de outros estados, nomes consagrados na literatura brasileira e também alguns que já cruzaram o além-mar.
Segundo a curadora da Fligê, Ester Figueiredo, essa proposta tem consolidado a Fligê como um evento de produção e circulação internacional. “As novas linguagens e os novos processos de invenção literária são aportes para considerar a presença dos novos escritores como um compromisso curatorial da Fligê”, argumenta.
Destacando não só a obra do escritor homenageado, o baiano Castro Alves, a Fligê 2019 contempla também a poesia contemporânea e a produção literária baiana e nacional. Conheça os primeiros nomes que irão à Chapada Diamantina para participar da programação:
Mailson Furtado – As matérias que compõem o lirismo serão a temática de uma sessão especial com o escritor do melhor livro do Prêmio Jabuti 2018, Mailson Furtado, autor do livro-poema “À Cidade”, escolhido também como melhor poesia na mesma premiação. O livro foi uma produção independente, uma autopublicação. Esta foi a primeira vez em 60 anos do prêmio Jabuti que o melhor livro foi de um autor independente, como são chamados aqueles que publicam sua obra sem o apoio de uma editora. “À cidade” é o terceiro livro de poesia de Mailson e seu quarto ao todo. Os anteriores – “Sortimento” (2012), “Conto a Conto” (2013) e “Versos Pingados” (2014) – também foram produções independentes. “As pessoas perguntam por que eu escolhi fazer assim, mas eu não escolhi. Foi a única forma. Mandei meu livro para grandes editoras. Acho que uma me respondeu com um não. Outras sequer responderam, e acho isso ainda mais cruel”, diz ele.
Jarid Arraes – Uma das mais jovens escritoras da literatura brasileira contemporânea, Jarid Arraes tem uma formação singular assentada no Nordeste, na tradição do cordel e da xilogravura. Ela recompõe a voz da mulher sertaneja com o protagonismo da escrita originária na oralidade em formato de cordel. Sua escrita inspira-se nas tradições nordestinas, em especial sua própria história familiar, pois é filha de cordelista, e inclui a denúncia e a crítica social. Jarid se apresenta como escritora, cordelista, feminista e mulher negra. Autora de “As Lendas de Dandara”, “Heroínas Negras Brasileiras: em 15 cordéis” e “Um Buraco Com Meu Nome”, Jarid trabalha sobre narrativas tradicionais e questões de ancestralidade para construir uma literatura de luta. Na Fligê, irá lançar o seu primeiro livro de contos “Redemoinho em dia quente”, com enredo que mescla crítica social, vozes ancestrais e realismo no enquadre da figura feminina como personagem.
Itamar Vieira Júnior – Indicado ao prêmio Jabuti em 2018 na categoria conto, como o seu livro “Oração do Carrasco”, Itamar foi agraciado com o Prêmio Leya em 2018 pelo seu primeiro romance, “Torto Arado”. A crítica destaca no romance a “solidez da construção, o equilíbrio da narrativa e a forma como aborda o universo rural do Brasil, colocando ênfase nas figuras femininas, na sua liberdade e na violência exercida sobre o corpo num contexto dominado pela sociedade patriarcal”. Segundo Itamar, “Torto Arado” é um romance de duas irmãs em uma comunidade rural. Seu título foi inspirado nos versos de Tomás António Gonzaga, do poema ‘Marília de Dirceu’. Itamar se inscreve na nova geração de contistas baianos e, junto com Aleilton Fonseca, estará em uma mesa de conversa.
Aleilton Fonseca – Escritor de poesias, romance, ensaios e contos, Aleilton Fonseca volta à Fligê participando de uma mesa de conversa com Itamar Vieira Júnior e apresentando personagens em itinerâncias errantes. A produção literária de Aleilton, além de compor catálogos de concursos brasileiros, já atravessou o Atlântico. O escritor esteve na Fligê em 2016 e em 2017 e já publicou diversos livros de poesia, ensaio e ficção, como “Movimento de Sondagem”, “O espelho da consciência”, “Nhô Guimarães”, “O pêndulo de Euclides”, “A mulher dos sonhos”, “Memorial dos corpos sutis” e “O desterro dos mortos”.
Noemi Jaffe – O cuidado com a palavra é a preocupação mais constante da escritora e tradutora Noemi Jaffe. A palavra pela palavra e a semiótica da palavra são as matérias de sua produção literária. Entre os seus livros, destacam-se: “A verdadeira história do alfabeto” (Prêmio Brasília de Literatura em 2014), e “Írisz: as orquídeas”. Em seu mais recente trabalho, “Não está mais aqui quem falou”, Noemi constrói uma narrativa sobre a memória, a literatura e a linguagem. É apresentada como a arqueóloga da palavra. Para ela, “a literatura precisa criar no leitor a sensação de que algo está fora do lugar – de que ele está fora do lugar”.
A Fligê é um realização do Governo do Estado da Bahia, por meio da Secretaria Estadual de Cultura (Secult), em parceria com o Coletivo Lavra e com o apoio de recursos de emendas parlamentares do orçamento da União.