As histórias da cultura popular que norteiam o imaginário com causos e narrativas folclóricas, temas como o sobrenatural e as disputas políticas ou as brigas entre tradicionais famílias baianas ganharam a telona da FligêCine, com a exibição do documentário “Contra o Veneno Peçonhento do Cão Danado”, de Marcelo Lopes.
No segundo dia de exibições, as produções cinematográficas da FligêCine valorizaram a cultura da nossa terra e de nossa gente. O que fica evidente na obra “No caminho dos diamantes”, de Otoniel Fernandes e J. Santos e, também, no longa do conquistense Marcelo Lopes com trechos gravados na Chapada Diamantina.
“A gente conhece essas histórias, mas elas só estão adormecidas”, disse Luciana Oliveira, jornalista e produtora executiva do filme “Contra o Veneno Peçonhento do Cão Danado”. O longa também explora, com facetas de humor, as relações entre oralidade, tradição e preservação da memória.
“Se fossemos estabelecer uma relação com o tema da Fligê, poderíamos dizer que seria para abolir a noção de que o popular deve ser descartado. O popular deve ser liberto da prisão que foi posto de local de inverdade ou pouca importância, pois é isso que nos forma geralmente. A ciência, a academia se forma a partir do senso comum e não podemos jamais desprezar isso”, justificou Alex Conceição, professor de História.
Ainda segundo Luciana Oliveira, “o espaço da Fligê é privilegiado para o cinema, para as narrativas que estão por inúmeros motivos fora do grande circuito, aqui torna-se um espaço maravilhoso para levar nossas produções do interior da Bahia para mais pessoas”, conclui.
Texto: Joana Rocha | Fotos: Ailton Fernandes