Daniel Lisboa é cineasta e escritor. Ele foi para a Feira Literária de Mucugê de 2019 levando o seu filme “Tropykaos” e o seu livro “Levante, o sistema caiu”. Na sessão de sexta à tarde da FligêCine, espaço da programação dedicado às produções audiovisuais, ele exibiu o longa, de 82 minutos, e falou sobre o processo de produção.
“Da ideia até o lançamento foram, mais ou menos, 10 anos, sendo apenas três meses de filmagem”, revelou, contando as dificuldades do fazer cinematográfico no Brasil, mas resguardou a necessidade se enfrentar esses processos: “produzir arte é extremamente prazeroso e no atual contexto politico é fundamental que a gente continue produzindo”.
“Tropykaos” é a história de Guima (Gabriel Pardal), um poeta que está em crise. Em Salvador, ele sofre com as altas temperaturas do verão e acredita ter uma estranha doença: a “ultra violência solar”, causada pelo calor. No submundo, bem distante dos cartões postais da cidade, Guima é usuário de crack e vive na marginalidade. Um dia, parte em uma jornada de autoconhecimento em busca de um ar-condicionado.
“O filme tem um roteiro super original. Esse ‘super caos’ é o que a gente vive mesmo. Tanto o texto, quanto a própria forma de filmar é super original, a forma como ele posiciona a câmera mostra bem esse caos”, avalia a cinéfila Marta Leal, da cidade de Ibicoara.
Sobre a proximidade com a temática da Feira, Daniel defende: “por mais que seja da linguagem audiovisual, esse filme trata o tempo todo da criação poética, da crise de criação, de um poeta que criava e que está em um momento de crise e como sair dessa crise. Dialoga 100% com uma feira literária”.
Texto e fotos: Ailton Fernandes