“Estudo” de Patativa do Assaré foi o poema escolhido por Jackson Costa para abrir a Rota da Palavra I. O ator mediou o bate-papo “À cidade: territórios dos afetos (in)visíveis. De quais matérias compõem o lirismo dos armados, dos tijolos, dos solos, das cidades?”, com Mailson Furtado.
Em sua fala de apresentação, Mailson revelou estar pela primeira vez na Bahia, numa região tão linda como a Chapada, graças as mudanças que aconteceram na sua vida a partir do Prêmio Jabuti. “Foi uma reviravolta positiva a premiação, estou conhecendo muitos lugares do meu país e podendo levar o nome da minha cidade.
Mailson Furtado é de Varjota, no Ceará, e tem quatro livros publicados de forma independente, entre eles o livro-poema “À Cidade”, melhor poesia e livro do ano do Prêmio Jabuti 2018.
Para o público da Fligê 2019, ele contou sobre as influências de Guimarães Rosa, Ariano Suassuna e João Cabral de Melo Neto na sua escrita. Também falou do seu processo criativo, disse que um assunto que o incomoda nos dias atuais é o momento político que o país vive, além de mencionar que tem lido muitos poetas da contemporaneidade.
A poesia e o lirismo de Mailson e Jackson encantaram a professora Shirley Nogueira que veio de Vitória da Conquista para participar da feira literária. “Cada momento da Fligê é um encantamento diferente, porque as palavras são tão mágicas e dependendo de quem as fala a gente compreende com outro valor, então aquilo que você conhece ou já leu, descobre numa nova perspectiva, e foi isso que aconteceu com a literatura de Mailson, que conta tão bem e valoriza o regionalismo e nossa cultura”.
Durante a mediação, Jackson Costa pediu a Mailson para ler um trecho da sua obra premiada. “Na leitura ficou evidente a relação entre sertão e cidade, o sertão de dentro da gente”, considerou Jackson, que também mencionou a escrita de Mailson sobre seca, numa perspectiva diferente da que estamos acostumados.
“Mailson trouxe um pouco da pequena cidade de onde ele veio e eu fiz muitos paralelos com Mucugê. De um homem que vem de uma cidade pequena e fala dela, mas ao falar de sua cidade, ele fala para o mundo”, destacou Alan Lobo, produtor cultural.
Texto: Joana Rocha | Fotos: Ailton Fernandes