Duas gerações de escritores e suas contribuições para a narrativa literária

“Ânimo de invenção e tradição literária” foi a temática da terceira mesa de conversa da Feira Literária de Mucugê – Fligê 2019. Os escritores baianos Aleilton Fonseca e Itamar Vieira Júnior dialogaram com o público sobre suas obras e a escrita num contexto paradoxal do valor da literatura como arte.

Dilema tão atual e ao mesmo tempo tão antigo, Itamar disse acreditar que a literatura nunca foi arte de massa. “A literatura sempre foi restrita a um nicho, mas hoje temos avanços como a tecnologia que dá acesso a várias obras e formas de se consumir leitura. No entanto, a literatura é mais que venda e compra de livros”.

Para Aleilton, a Fligê é um momento de encontro entre escritores e leitores e isso é a alma de uma feira literária, uma festa da cultura, em que os escritores amam e se sentem animados. Ele acrescenta: “A literatura é uma arte para o coletivo, o momento da escrita é solitário, mas já naquele momento, o escritor está pensando nos que vão ler e é na leitura dos outros que a literatura realmente se corporifica”.

“O que mais me chamou a atenção foi a fala do escritor Aleilton sobre o desperdício de colocar uma arte trancada num cofre. A gente compreende, mas só depois que alguém nos diz, como ele falou aqui, é que a gente percebe que o trancar significa dizer que ninguém mais contempla e podemos fazer um paralelo com os livros, que lemos e guardamos quando poderíamos passar para outros”, revelou a professora Marilene Vasconcelos.

Participação na Fligê – Aleilton Fonseca é figura marcante da Fligê. Em sua terceira participação, o escritor considera o evento uma festa em que proporciona o encontro com o público como um ato de encorajamento para seguir adiante. “Estar na Fligê é diferente. Aqui é mágico. Existe algo a mais. Deve ser a energia da Chapada”.

Estreando na Fligê, Itamar Vieira Júnior vive um momento especial na terra. O seu romance “Torto Arado” tem a Chapada Diamantina como pano de fundo do enredo. “Costumo dizer que a Chapada me deu chão e alma para escrever essa história e é a primeira vez que estou aqui com o livro, depois dele ter atravessado o oceano. Trazer essa história que é tão nossa e que é sobre liberdade e o patrono da festa esse ano é Castro Alves, isso me deixa muito honrado. Ele é um dos mais importantes escritores com obras voltadas para a liberdade humana, isso me faz dizer aqui que devemos ser abolicionistas todos os dias”.

Texto: Joana Rocha | Fotos: Vinícius Brito


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