A busca pela formação de leitores de todas as idades, o encontro do livro e a leitura com diversos públicos num espaço onde literatura, arte, música, cinema e poesia se encontram moldam a Feira Literária de Mucugê, a Fligê, em sua terceira edição. Neste ano, o lançamento do Selo Literário Fligê, por meio da editora da Assembleia Legislativa da Bahia – Alba, marca mais uma novidade na feira.
O selo Fligê foi lançado na manhã do sábado, 18, com o livro Composições entre sertões e chapadas, que traz em seu conteúdo diálogos do sertão de Euclides da Cunha e a obra do cantor e compositor Elomar Figueira Mello, retomando a temática central da Fligê 2017, Somos paisagens dos sertões em rotas de composições, quando Euclides da Cunha, autor de Os sertões, foi homenageado, como parte das comemorações pelos 120 anos de Canudos.
Com organização da professora Ester Maria de Figueiredo Souza, a obra traz textos dos historiadores Rita Pereira e Luiz Otávio de Magalhães, pesquisa literária de Clara Carolina Souza e ilustrações de Silvio Jessé, resultado da exposição A terceira margem: Canudos e Euclides da Cunha na segunda edição do evento. Canudos tem sido tema de muitas obras de Silvio: “é recorrente em função da atualidade. Canudos, apesar de ser de 1896, está muito mais atual do que a gente imagina agora”, conta.
Os textos são resultantes de uma série de pesquisas que os historiadores desenvolveram sobre oralidade, sobre Euclides da Cunha e sobre Elomar. “Ambos falam de sertões. Os sertões são múltiplos. Sertão na verdade é todo o mundo, já dizia Guimarães Rosa. Então nós achamos a possibilidade de fazer aquele vínculo naquele momento, o homenageado era Euclides da Cunha e Elomar estava sendo trazido para a Fligê e nós achamos que era o momento ideal de fazer essa conexão, de trazer o que eles falavam em comum e o que os diferenciavam nas suas abordagens sobre o sertão”, explica a professora Rita Pereira.
A professora Ester Figueiredo destaca o apoio da Assembleia Legislativa da Bahia na publicação do livro e na participação em todas as edições da feira, com distribuição gratuita de livros para as escolas públicas. “A parceria da Assembleia Legislativa é fundamental. O selo só existe porque a Alba é parceira”.
O livro será distribuído para escolas municipais de Mucugê e de outros 41 municípios. “O reconhecimento dos nossos lugares, eles são importantes nas nossas formações identitárias e nas nossas atuações no mundo. E se isso é importante para nós, isso é muito importante na formação da juventude. Eles recebem, para além da cultura de massa, informações sobre os seus lugares de origem sobre as linguagens que os cercam e eles podem se enxergar também nessas formas literárias e culturais que são próprias ao sertão”, explica.
“O livro é um produto cultural, é um objeto cultural e essa dimensão do público e da formação humana é o que revela a dimensão e a potencialidade da Fligê”, destaca Ester.
Texto: Indhira Almeida | Fotos: Vinícius Brito