O coreto, situado na Praça dos Garimpeiros, no coração de Mucugê, se transformou em palco para a primeira Leitura Viva, com uma performance artística da atriz e estudante de teatro, Hannah Amorim. A apresentação teatral é fruto de uma parceira entre a terceira Feira Literária de Mucugê e a CazAzul, escola de teatro de Vitória da Conquista. A performance, intitulada Passos, foi inspirada na vida da atriz e levou o público presente a refletir sobre problemas que assolam a sociedade moderna.
Para Hannah, é importante temas como o machismo e as doenças psicológicas devem ser debatidos por meio da arte, pois “a arte não usa somente as palavras, usa sentimentos e o sentimento é muito pedagógico, ele ensina muito. Por exemplo, ver homens na plateia me ouvindo falar sobre machismo, podem, de repente, fazê-lo parar para pensar sobre isso também”, explica a atriz.
No entanto, a mensagem principal que Hannah tentou passar foi, principalmente para as mulheres, que “não é somente com ela que acontecem coisas machistas, mas com todas nós. Então, é reconfortante saber que você não está sozinha. Eu pretendia fazer com que as mulheres da plateia não se sentissem só e que eu também não me sentisse só”.
A estudante Ana Beatriz, avaliou a intervenção artística como interessante. “Porque é sempre bom ouvir falar de tudo que está acontecendo atualmente e várias pessoas passam por isso. Por exemplo, quando uma mulher é abordada por um homem na rua, tem que falar, denunciar e pedir ajuda”, contou a estudante.
Como um complemento da intervenção artística, houve a leitura compartilhada de trecho da obra O pequeno príncipe, do escritor francês Antoine de Saint-Exupéry. Emanuele Pereira fez a leitura do fragmento na qual a personagem do Pequeno príncipe encontra com a Raposa, como uma forma de mostrar para o público presente o quanto é importante esta valorizando as amizades. “Mostra que a amizade é importante. A importância de está disposto a encontrar no outro e ver no outro o diferente não como algo a ser abolido, afastado, mas como algo a ser desbravado, acolhido”, explica Emanuele.
A proposta do Leitura Viva é justamente a integração de outros formatos artísticos à Fligê, apresentando, de forma mais livre, na praça pública textos que dialogam com a temática Literatura e resistência.
Texto: Jhou Cardoso | Fotos: Lari Carinhanha