Palavras que alcançam: das redes sociais para as páginas dos livros

“Onde não te sentires vivo, não te demores”. Em pequenos textos compartilhados nas redes sociais, a escritora baiana Dani Santos, também conhecida como Exagerada sim, nome do blog que deu origem às páginas nas redes sociais, projetaram a jovem autora. A visibilidade deu origem ao primeiro livro, 30 dias sem você, onde Dani conta o drama de uma jovem que tem que encarar a vida após o término de um relacionamento amoroso. 

Mas Dani não é a única escritora baiana que trouxe a literatura da internet para as páginas dos livros. Situações bem parecidas ocorreram com os autores baianos Edgar Abbehusen e Victor Fernandes. Os três autores puderam dividir suas experiências com o público com a participação no bate-papo Livro D´Falas e D´Versos na manhã deste domingo, 19, último dia da Fligê. 

Para os autores, as redes sociais democratizaram a criação de conteúdo. Em menos de um ano, Edgar viu sua página do Instagram saltar para mais de 100 mil seguidores, desde que começou a dividir o que escreve com outras pessoas. Hoje tem mais de 400 mil. Falando de temas como o amor e transmitindo mensagens positivas, o autor do livro Quem tem como me amar não me perde em nada, destaca o fato de receber mensagens imediatas na internet e ressalta em como o retorno é positivo e muitas vezes transformador para as pessoas que o leem.

Feliz e ponto, de Victor Fernandes, traz poemas com sentimentos experimentados pelo autor. Victor conta que superou uma depressão compartilhando seus pensamentos e reflexões. O autor, que tem quase 500 mil seguidores no Instagram, diz que tenta “abraçar alguém com a palavra” no momento em que escreve, impactando de forma positiva a vida de outras pessoas. 

Perguntados sobre um possível preconceito por terem começado a escrever na internet, Edgar explica: “um exemplo muito forte foi quando eu comecei, em 2016, eu pedi, conversei, tentei entrar numa determinada feira literária e aí o que me disseram foi isso, que não queriam transformar a feira numa ‘feira de youtuber’. Mas eu disse ‘gente, eu nem tenho canal no Youtube, eu só quero fazer um trabalho e tal’ e esse ano eu estarei lá, eu e o Zack Magiezi, a gente vai estar na mesa principal. Então eu acho que tem mudado essa visão, a gente tá aqui também na Fligê, não é?”, afirma. 

Apesar da visibilidade ter ajudado a atrair inclusive o olhar do mercado editorial, os escritores destacaram que não trabalham apenas pelo “like”, aquele toque no coraçãozinho na tela do celular que garante a popularidade sonhada por muitos nas redes sociais. Durante o bate-papo na Fligê, os autores receberam de alguns leitores o agradecimento pelas palavras de todos os dias nas redes. 

Apesar do futuro incerto devido à velocidade de transformação das redes sociais, novos canais que surgem, novas possibilidades da Internet, os escritores concordam em afirmar que estão realizando sonhos com suas obras. Perguntados sobre os planos, eles afirmam que o objetivo é continuar escrevendo e publicando. O caminho já está bem adiantado para todos. Dani tem viajado por feiras e eventos com o livro. Edgar lança seu segundo livro neste ano. E Victor comemora: “meu próximo livro sai em março, eu assinei com a editora Planeta, que é uma editora muito grande, que vai me dar um suporte imenso para alcançar os objetivos que eu tenho, mas minha meta é continuar fazendo o que eu tô fazendo e melhorar, conseguir evoluir cada dia mais a minha arte”, conta.  

Texto: Indhira Almeida | Fotos: Lari Carinhanha


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