A escrita e a oralidade são duas formas de expressar-se por meio de palavras, tema central das obras exibidas no FligêCine na noite do segundo dia da Fligê. As narrativas visuais, unidas com as escritas e a ideia de narrativizar a própria história chamou a atenção de moradores e visitantes de Mucugê.
A primeira exibição foi do curta-metragem em homenagem à Carolina de Jesus, escritora negra e favelada, que lançou um livro na década de 60 e causou espanto na população da época. O curta, que assim como o livro se chama Quarto de despejo: diário de uma favelada, reúne cenas sobre escritos de Carolina.
Já Narradores de Javé, longa exibido em seguida, conta a história dos moradores do vilarejo do Vale de Javé, que estava prestes a ser alagada e os moradores precisaram provar a importância do lugar. A maioria da população é analfabeta e convoca o Antônio Biá para escrever as histórias relatadas sobre a construção e formação das famílias dos moradores da vila.
Para discutir o filme, foi convidada a professora do curso de história da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – Uesb, Maria Cristina Pina. Segundo ela, “Narradores de Javé é um clássico que diz muito sobre o que está sendo discutido aqui na Fligê, que é a problemática da narrativa, de falar de si, de uma forma que não é necessariamente escrita”.
A programação vasta da Fligê atrai diferentes públicos, como a visitante Eliana Murici, que veio de Seabra e levou os dois filhos e duas sobrinhas para assistir aos filmes. Ela não conhecia nenhum dos dois filmes e viu na sessão uma ótima oportunidade para ela e para as crianças.
Texto: Victória Lôbo | Fotos: Vinícius Brito