“Mulher não é tagarela, mulher tem o que falar”, a frase da educadora infantil e fundadora da editora Casarão do Verbo, Renata Bonfim, norteia muito bem o que foi discutido na primeira mesa de conversa da terceira edição da Feira Literária de Mucugê.
Com o tema “Mercado editorial: protagonismo das mulheres na literatura”, a bibliotecária e professora da Universidade Federal da Bahia, Ivana Lins, a professora da Uesb e fundadora da Nzamba Editora, Lídia Nunes, junto com Renata Bonfim, abordaram questões sobre políticas públicas que dê visibilidade a escrita feminina e aquisição de livros.
“O bibliotecário é um personagem muito importante para que as pessoas acessem a literatura, e a gente é pouco lembrado nas feiras. A partir da biblioteca podemos discutir muitas questões, pois organizamos as informações para que as pessoas se empoderem e se tornem protagonistas”, destacou Ivana.
A mesa se propôs desmistificar a ideia de que a mulher não tem o que dizer e, também, de que a edição de livro precisa sim ser feita no interior do país. “A Fligê é uma vitrine fantástica principalmente para pequenas editoras, que devem chegar nos rincões do interior”, opina Renata Bonfim.
Em sua fala, a professora Lídia Nunes fez um desabafo sobre a segmentação do mercado editorial. “Somente grandes conglomerados de editoras conseguem concorrer em editais de livros didáticos, onde é investido muito dinheiro público”, disse.
O lugar de fala, o pertencimento feminino e a produção literária negra são os tons da Fligê 2018, uma vez que a sociedade brasileira tem um mercado editorial branco e masculino. “Vim pra buscar conhecimento e pra priorizar essa questão da mulher, pois precisamos adquirir esse espaço”, destacou a escritora, professora e secretária da Academia Barreirense de Letras, Tina Laura, ao participar da Fligê.
Para a educadora do município de Palmeiras, Emanuela Ramos, “a Feira é uma oportunidade de diálogo e um evento formativo, pois a mulher ainda sofre sequelas de uma sociedade machista em que o perfil do escritor literário perpassa pela questão econômica e de cor da pele. Estar olhando para essa realidade hoje é vislumbrar outras perspectivas de inserção”.
Texto: Joana Rocha | Fotos: Vinícius Brito