FligêCine: um modo fascinante de contar uma história

A sétima arte também está presente na terceira Feira Literária de Mucugê com a FligêCine. Os alunos da Escola Municipal de Tejuco, situada na zona rural do município de Palmeiras, moradores locais e turistas lotaram a Casa da Filarmônica para assistirem o filme A loucura entre nós, da cineasta Fernanda Vareille, que narra às histórias dos pacientes internados no Hospital Psiquiátrico Juliano Moreira. O documentário foi baseado livremente no livro homônimo escrito pelo médico psiquiatra Marcelo Veras que esteve presente juntamente com a psicóloga Márcia Lêdo para bater um papo com o público presente.

Márcia, em sua fala, ressaltou a importância da escolha do filme. Para ela, é uma forma de destacar o trabalho daqueles que resistem a qualquer forma de regulação e padronização, pautados em ideias de uma boa saúde mental, ao mesmo tempo em que valoriza e dá dignidade à palavra e ao singular de cada um. “A escolha e indicação do filme se deu pelo reconhecimento de como foi possível, enquanto trabalho de resistência, operar fazendo um contraponto ao discurso institucional baseado em preceito de silenciamento, exclusão e morte”, disse a psicóloga.

O médico Marcelo Veras elogiou a escolha do documentário, reafirmando o quanto é importante estar debatendo um tabu como a loucura. “É fundamental discutir a loucura em uma feira literária. Não há lugar onde se pode dar um tratamento mais digno à falta de realidade que assola o mundo do que através da arte e da literatura”, afirmou o médico. Veras também disse que foi ótima a experiência de exibir o filme para um público tão jovem e que foi a primeira vez que viu olhos tão atentos à exibição.  “Como eu conheço muito o filme, não estava prestando atenção no que estava sendo exibido. Estava prestando atenção nos jovens e vi que eles estavam vidrados no filme, eles estavam realmente vendo o filme”, completou.

A estudante Ingrid Kalila conta que gostou muito do filme, que a fez refletir o quanto é importante ter uma convivência maior com as pessoas que possuem algum problema mental. Já a estudante Ana Paula disse que gostou muito da obra porque mostrou como é a vida em um hospital psiquiátrico, uma coisa que ela não sabia como era. A educadora Paula Pires, da cidade de Salvador, achou o filme intrigante, que mexe com um universo restrito, oculto, já que ninguém sabe o que se passa dentro de um hospital psiquiátrico. Segundo ela, “a cineasta traz pra gente essa realidade, mostra que é uma realidade muito dura”.

A programação da FligêCine segue até domingo, 19, com a exibição de outros longas e curtas. Confira a programação e prestigie!

Texto: Jhou Cardoso | Fotos: Lari Carinhanha


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