Entre filmes e documentários brasileiros, a Feira Literária de Mucugê exibiu, de 17 a 19 de agosto, quinze produções cinematográficas, entre sessões infantis e adultos, na FligêCine. A atividade integra a programação da feira com o objetivo de mostrar a escrita literária a partir da linguagem do cinema.
“Toda as escolhas dos filmes da FligêCine foi em cima do tema Literatura e Resistência, mas sempre voltado para o papel que a mulher ocupa na sociedade sempre tentando trazer uma visão de empoderamento feminino, até mesmo nos filmes infantis”, explicou a coordenadora da FligêCine, Andreia Almeida.
A partir dos relatos das pessoas que acompanharam as exibições, os filmes da FligêCine conseguem oferecer o que elas gostam, que é a sétima arte, porém de uma forma um pouco mais aprofundada.
“Os filmes baseados em obras literárias, como o Maré – nossa história de amor, exibido no sábado, 18, tem a Elisa Lucinda, que também participou da feira, é uma releitura do Romeu e Julieta, de Shakespeare, só que na favela da Maré, no Rio de Janeiro”, contou a coordenadora.
As crianças e adultos participaram atentamente das sessões. No entanto, o que chamou a atenção foi a participação dos jovens, especialmente na sessão de sexta, 17, que exibiu A loucura entre nós, baseado livremente no livro homônimo do médico psiquiatra Marcelo Veras.
No final da apresentação do filme, o autor do livro disse: “em todos os locais que eu vou conversar sobre o filme sempre tem muita gente, mas eu nunca vi um povo tão interessado, um público tão inteligente, curioso e tão jovem”.
Na opinião da coordenadora da FligêCine, esse é um ponto extremamente positivo. “O fato da Fligê estar incluindo a juventude, vai fazer com que no futuro as pessoas que saírem ou que continuarem fixadas na Chapada Diamantina, tenham muito mais acesso a livro, música e cinema”, ponderou.
A FligêCine dispõe-se a provocar reações e reflexões nas pessoas e, se depender da opinião da farmacêutica Sueli Moreno Vieira, esse objetivo foi alcançado. Sobre o filme exibido no domingo, 19, As hiper mulheres, ela disse que a feira acertou na escolha por abordar o protagonismo da mulher. “O filme é bem oportuno, porque trata do empoderamento da mulher em uma tribo, onde elas têm o direito de escolher e de dizer não. O filme é bem relevante em várias aspectos, mas nesse principalmente”, avaliou.
Com propósitos de difundir, valorizar e preservar a obra literária como mote para singularidades e diálogos com outras artes como a linguagem cinematográfica, a FligêCine escolheu seus filmes com cuidado, carinho, atenção, e, acima de tudo, com o compromisso em denunciar o silenciamento da presença feminina no cenário que compreende a arte literária.
Como diz a coordenadora da FligêCine, Andreia Almeida: “é preciso resistir sempre. E com cultura!”
Texto: Joana Rocha | Foto: Ailton Fernandes