A inquietude própria da pouca idade e a curiosidade estampada nos olhos de centenas de crianças de escolas públicas e privadas de Mucugê compõem a Fligêzinha, espaço da Fligê preparado especialmente para elas.
A sexta-feira, 17, da Fligê trouxe para os estudantes do ensino fundamental um bate-papo com a jornalista, psicóloga e escritora Lilia Gramacho, autora de quatro livros que mergulham no universo do cotidiano infantil e os desafios próprios da idade. As crianças puderam fazer perguntas para a autora e tirar dúvidas sobre como é escrever e publicar um livro, além de saber mais sobre os enredos das publicações.
Em Uma família pra lá de diferente, livro mais recente da escritora, Lilia descreve, pela perspectiva infantil, famílias típicas da contemporaneidade, que vão se formando a partir de diversas histórias: irmãos de pais diferentes, novos relacionamentos e como as crianças convivem em famílias nada convencionais. Já em Camila e o espelho, o enredo passeia pelos conflitos sobre a mudança do corpo com a chegada da adolescência e as dúvidas da nova fase.
“A ideia de escrever para crianças surgiu muito mais de uma relação com a maternidade do que a profissional”, conta Lilia. A autora afirma que uniu o cotidiano da profissão de jornalista, um “contador de histórias”, com o de psicólogo, um “ouvidor de histórias”, lugares de narrativas onde ela afirma que se sente confortável e feliz.
Para Lilia, a literatura infantil prepara as crianças para os desafios do futuro. “Nós somos seres constituídos de histórias. E o mundo das histórias é o mundo do sentido da vida. Muitas vezes, através das histórias, as crianças fazem contato com experiências emocionais, com dúvidas existenciais, porque as inquietações que nós temos, elas também têm e os livros as ajudam a elaborar suas questões, suas subjetividades”, conta.
A participação das escolas acompanha o número de edições da Fligê. É a terceira vez que Joseny Almeida, professora do Grupo Escolar Anatalino Pina Medrado, acompanha turmas de crianças na Fligêzinha. Segundo ela, após a Fligê, tem sido mais fácil trabalhar a literatura em sala de aula. “Eles hoje estão mais leitores. Criam mais histórias, já fizeram vídeos para participar. A cada ano, estão com uma expectativa melhor para o próximo ano”, revela.
A Fligêzinha tem incentivado pequenos leitores a continuarem a mergulhar no universo da literatura. É o caso de Dyan Dantas, de dez anos de idade. Depois de participar fazendo perguntas à Lilia, ganhou livro e autógrafo da escritora. E conta que a paixão pela literatura começou com as leituras que a avó fazia para ele na infância: “desde pequenininho, minha avó lia livros de histórias, de fábulas pra mim. Mas agora que eu aprendi a ler é o contrário, eu que leio pra ela”. Agora, todos os anos, Dyan aguarda ansiosamente a chegada da Fligê: “a cidade tá muito mais legal!”, comemora.
À tarde, a programação da Fligêzinha continuou na Vila de Igatu, também com a participação de Lilia. Em Mucugê, a programação continua até o domingo, 19, e outros encontros com escritores voltarão a acontecer.
Texto: Indhira Almeida | Fotos: Lari Carinhanha