Adriana Amorim, atriz, dramaturga e roteirista, nasceu com o dom de dar vida às palavras. O público presente na terceira Feira Literária de Mucugê teve a grande honra de prestigiar a leitura performada da peça Um dia naquela semana, escrita e dirigida por ela. A obra narra não só as violências físicas que as mulheres sofrem, mas também as violências disfarçadas, as cantadas e piadas sem graça que as mulheres são obrigadas a ouvir todos os dias.
Escritora de nascença e atriz por escolha, Adriana escreveu seu primeiro livro, ainda na infância, O poder da amizade, uma pequena obra que se perdeu no tempo sem ser publicada. Na adolescência, passou a encher folhas de diários com histórias de sua vida. Viveu o auge dos blogs escrevendo crônicas e fez poemas para desabafar que nunca mostrou a ninguém. Sobre sua peça Um dia naquela semana, ela define como “um texto curto, mas muito profundo”.
Sobre o processo de criação da peça, Adriana nos conta que é imersa em questões femininas e que a ideia veio de forma fácil. “Eu sabia que tinha que escrever um texto sobre mulheres. A peça tem um discurso político da inocência, da importância da verdade”, completa.
Para Adriana Amorim, na escrita de peças teatrais há uma hegemonia masculina, em que todas as personagens femininas foram criadas por homens. Sobre a escrita para o teatro, Amorim afirma que elas estão aparecendo agora. “Então os nossos textos são contemporâneos. Eles são um desabafo! Um desabafo imenso de tudo que a gente vive, desse apagamento nosso da história. Mesmo que eu admire todas as mulheres que esses homens escreveram. Agora somos nós falando de nós mesmas”, explica.
Adriana é uma entusiasta da Fligê! Participou de todas as três feiras literárias e está amando esta. Segundo ela, “estar na Fligê como autora, com dramaturga, numa feira que está homenageando mulheres escritoras, é uma honra incrível”.
Texto: Jhou Cardoso | Fotos: Lari Carinhanha