A teimosia de Cristiane Sobral desafiando as editoras

Ninguém vai comprar livro que fala de mulheres querendo a revolução, que fala sobre negras, diziam editoras procuradas por Cristiane Sobral, que levou dez anos para lançar Não vou mais lavar os pratos. A teimosia e determinação da escritora carioca provaram o contrário. Ela tirou do próprio bolso, aproveitando o dinheiro de um prêmio conquistado como atriz e lançou mil livros. Vendeu tudo em seis meses.

“As grandes revoluções da humanidade foram feitas por pessoas teimosas. Eu sou teimosa”, orgulha-se a escritora carioca, que arrebatou o público com a sua fala na Feira Literária de Mucugê – Fligê, ao participar da programação Rota da Palavra V, com o tema do seu livro Não vou mais lavar os pratos, que teve como mediadora a escritora e professora Núbia Regina Moreira.

A aposentada Ana Margarete, de Vitória da Conquista, se emocionou com a participação de Cristiane Sobral, que também exibiu seu talento de atriz numa vibrante leitura e interpretação de um texto do seu livro que se traduz como um grito de liberdade. “Além da discussão da produção da escrita de escritoras negras, foi algo muito emocionante. Achei importante ela ressaltar que a escrita da mulher negra não necessariamente tem que ser uma escrita da história da mulher negra, mais uma criação de histórias”.

A capacidade de criação literária foi destaque na intervenção de Cristiane Sobral, que falou da sua irritação quando perguntada se sua obra é autobiográfica. “Tenho uma produção estética. Não conto histórias da minha vida. Eu invento histórias”, desabafou.

Ao final da sua intervenção e de autografar seus livros, Cristiane Sobral falou de como foi a sua experiência nesta atividade da Fligê. “Fiquei muito feliz com a interatividade do público. Diferentemente de outras feiras, a Fligê trouxe várias autoras negras para o evento, o que mostrou um interesse de compor uma feira diferenciada. Foi um presente ver um público tão interessado e conhecedor da literatura, inclusive de ter seus livros autografados, o que nos deixa muito felizes como autores”, avaliou.

Texto: Joana D’Arck | Fotos: Lari Carinhanha


Galeria de Fotos